Barusco confirma negociação de acordo com autoridade estrangeira

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O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco confirmou, atuando como testemunha em audiência de processo penal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está negociando acordos de delação com mais de um país estrangeiro, a respeito das irregularidades de que teria participado na confecção de contratos da estatal.

Embora tenha admitido que está montando esses acordos, ele se recusou a responder as pergunta da Defesa de Lula sobre o teor de tais acordos com autoridades estrangeiras, como, ´por exemplo, se conta com a colaboração de autoridades brasileiras. Com isso, Barusco se tornou um tipo de testemunha processual que não está prevista na lei brasileira: aquela que não tem o dever de responder com a verdade a todas as perguntas que lhe são feitas.

Ele é o terceiro delator que testemunha no processo relacionado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao mesmo tempo em está fechando acordo com autoridades estrangeiras, e o terceiro que contou com a anuência ilegal do juiz Sérgio Moro para manter-se calado no banco das testemunhas quando lhe foram feitas perguntas sobre o tema.

Sobre a acusação específica que faz o MPF-PR (Ministério Público Federal no Paraná) ao ex-presidente, de que Lula teria recebido vantagem indevida por meio de um apartamento do Guarujá, Pedro Barusco disse não ter nenhuma informação sobre o caso.

Também disse nunca ter tido nenhuma reunião ou contato com o ex-presidente, tendo o visto apenas em eventos públicos. Em acordo de delação fechado com os procuradores curitibanos, Barusco pagou multa R$ 6,5 milhões e devolveu mais de US$ 90 milhões que recebeu no exterior.

Pedro Barusco também confirmou fala de outra testemunha, o empresário Augusto Mendonça, que o cartel de empreiteiras que agiria dentro da estatal perdeu força em 2009, nas obras do Comperj, onde a Petrobras abriu as licitações para um grupo maior de empresas, rebaixando o nível de exigência técnica, mas ampliando as fornecedoras justamente para escapar do cartel. Barusco também disse que em vários contratos não houve pagamentos de propinas, e que nunca houve ameaças, apenas cobranças de valores de propinas combinados. “Eu não me recordo de retaliação”.