Ciência no Brasil: do ápice de investimentos à fuga de cérebros

Bolsonaro estrangula ciência e tecnologia. Com isso, cientistas abandonam o Brasil rumo ao exterior em busca de melhores condições de trabalho

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A área de Ciência e Tecnologia foi uma das que mais sofreu queda de investimento no Brasil de Bolsonaro. E isso não é coincidência. O negacionismo neste país, hoje, é um projeto de empobrecimento de nação que nos tem levado a um enorme retrocesso intelectual. Mesmo com a necessidade da ciência, ainda mais evidenciada pela pandemia da Covid, Bolsonaro insiste em afogar o País novamente na Idade Média, gerando a fuga de cérebros brasileiros em busca de melhores condições no estrangeiro.

No Ranking Global de Competitividade de Talentos, que analisa o desempenho de 133 países, o Brasil despencou 25 posições de 2019 a 2020 entre os países que mais mantém profissionais qualificados e atingiu a 70ª posição. Já em relação às nações que mais atraem talentos, caímos da 70ª, em 2017, para a 105ª, em 2020.

Durante os governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT, a ciência e o investimento em pesquisa eram prioridade. Ele ampliou o acesso à universidade e o orçamento para ensino e pesquisa, tornando essa uma marca dos governos petistas. Foi durante os anos de governo petista que as pautas ligadas à ciência e tecnologia tiveram seus maiores orçamentos.

Os investimentos nos fundos de apoio à pesquisa científica e tecnológica mais do que triplicaram durante os governos do PT: recursos direcionados para Cnpq, Capes e FNDCT passaram de R$ 4,5 bilhões em 2002 para R$ 13,97 bilhões em 2015, segundo dados do Ipea. A prioridade do PT era manter nossos cientistas aqui no Brasil, desenvolvendo nosso país e a pesquisa nacional.

Atualmente, no Brasil, a pesquisa e a ciência respiram por aparelhos, enquanto sofremos para explicar o óbvio e o racional em meio à pior crise sanitária do século. O orçamento direcionado a fundos de apoio à pesquisa em 2021 foi de apenas R$ 4,4 bilhões, retornando a patamares de 2002 e representando uma queda de 65,22% com relação ao orçamento destinado para o setor em 2015.

Desde que Jair Bolsonaro assumiu a presidência, em 2019, o número de trabalhadores qualificados que tentam deixar o Brasil quase que dobrou. Reportagem da Folha de S. Paulo mostra que os EUA são os mais procurados por brasileiros, seguido de Portugal, Canadá e Inglaterra.

Segundo dados do Departamento de Imigração norte-americano, compilados por consultorias especializadas do setor, em 2019 e 2020, a busca pelo visto permanente dos tipos EB1 e EB2 aumentou 40%, na comparação com os anos de 2017 e 2018.

A ciência vive um verdadeiro estrangulamento sob o comando de Jair Bolsonaro e seu ministro Marcos Pontes. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) foi o que sofreu maior corte no orçamento federal para 2021. Os recursos para o MCTI foram de meros R$ 2,735 bilhões, uma queda de 68,5% em relação a 2015, durante o governo de Dilma Rousseff, ápice de investimentos em ciência e tecnologia com R$ 6,55 bilhões de orçamento anual.

O descaso do governo Bolsonaro é tanto que até a produção de remédios usados no diagnóstico e tratamento de várias doenças, dentre elas o câncer, foi paralisada no Brasil nesta segunda (20) em razão da falta de verba federal para o Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares). Nesta quinta (23), o governo finalmente anunciou liberação de verba para retomada da produção de radiofármacos. O hiato improdutivo seguirá tendo impacto no tratamento de quem precisa, uma vez que ao menos dois produtos usados no combate a tumores estão em falta.