Sem acesso aos serviços de coleta e tratamento de esgoto, 100 milhões de brasileiros, quase a metade da população, vivem em condições insalubres, expostas a inúmeros tipos de doenças. O descaso atinge 1.937 cidades que depositam os dejetos em fossas ou diretamente em ruas, lagoas, córregos e rios.
Na região Norte estão os mais desassistidos, com apenas 13,1% do esgoto coletado e tratado corretamente. No Nordeste, o percentual é de 30,3%. A região Sudeste concentra o maior percentual de atendimento total de esgoto. Entre as capitais, Curitiba (99,9%), São Paulo (97%) e Belo Horizonte (93,7%) têm a maior cobertura.
Em reportagem, o Jornal Nacional (TV Globo) mostrou o drama de pessoas que convivem com esgoto a céu aberto e os riscos à saúde decorrentes disso. Os dados, do Ministério do Desenvolvimento Regional, se referem ao ano de 2020.
Em entrevista à reportagem, a professora Uende Aparecida Figueiredo Gomes, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG, deu a dimensão o problema, ao dizer que a falta de coleta e tratamento de esgoto faz com que se estabeleça as condições para aparecimento de doenças infectocontagiosas. “Não há como a gente ter um bem-estar social, um bem-estar psicológico, um bem-estar ambiental na ausência de saneamento básico. É simplesmente incompatível”, afirmou.
Saneamento básico para todos
O programa de governo da Coligação Brasil da Esperança, da chapa Lula-Alckmin, prevê a retomada de políticas para garantir o direito à cidade, combatendo desigualdades territoriais, em direção a uma ampla reforma urbana. “É importante garantir o direito à água e ao saneamento, por meio do reconhecimento da responsabilidade das esferas administrativas federal, estaduais e municipais na universalização dos serviços de saneamento básico à população brasileira e garantir a atuação das entidades públicas e das empresas estatais na prestação dos serviços de saneamento básico”, traz o documento.