Num intervalo de um ano, entre 2020 e 2021, 3,8 milhões de pessoas – quase uma vez e meia a população de uma capital como Belo Horizonte – passaram à situação de pobreza nas metrópoles brasileiras.
O contingente de pessoas nessa situação, que, em 2020, era de 16 milhões dos moradores de 22 regiões, passou a 19,8 milhões, o correspondente a 23,7% do conjunto de habitantes das áreas analisadas.
Na série histórica, iniciada em 2012, é a primeira vez que o número se aproxima de 20 milhões.
A situação de extrema pobreza também é recorde, com aumento de 1,6 milhão de pessoas, entre 2020 e 2021, chegando a 5,3 milhões, o correspondente a 6,3% da população das regiões.
Em 2014, ano em que o Brasil saiu do Mapa da Fome da ONU, por causa das políticas inclusivas dos governos do PT, a taxa de pobreza nas regiões era de 16% e correspondia a um universo de 12,5 milhões de pessoas.
Significa dizer que, num intervalo de sete anos, entre 2014 e 2021, 7,2 milhões de pessoas entraram em situação de pobreza. Apenas entre as pessoas que estão em situação de extrema pobreza, o contingente mais que dobrou, passando de 2,7% para 6,3%, de pouco mais de 2 milhões de pessoas para 5,2 milhões, no mesmo período.
Os dados são do 9º Boletim Desigualdade nas Metrópoles. Com base na Pnad Contínua, do IBGE, é produzido em parceria entre a PUC do Rio Grande do Sul, o Observatório das Metrópoles e a Rede de Observatório da Dívida Social na América Latina.
A pesquisa considera na linha da pobreza pessoas que sobreviveram com quantia mensal de aproximadamente R$ 465. Na extrema pobreza, a renda média mensal por pessoa era de R$ 160, considerando todos os rendimentos, inclusive recursos oriundos de benefícios sociais.
Em reportagem sobre o estudo, a Folha de São Paulo informou que o avanço de 3,8 milhões de pessoas entre 2020 e 2021 está associado ao corte do auxílio emergencial, a disparada da inflação e a retomada insuficiente do mercado de trabalho.
Segundo o jornal paulista, Manaus, com 41,8%, e a Grande São Luís, com 40,1%, são as regiões com maior percentual e as únicas com mais de 40% da população na linha da pobreza. Florianópolis e Porto Alegre, com 9,9% e 11,4%, foram as capitais com menores percentuais.
“No caso da pobreza extrema, Recife (13%) e Salvador (12,2%) registraram os percentuais mais elevados. Florianópolis (1,3%) e Cuiabá (2,4%) apareceram na outra ponta, com os índices mais baixos”.
A Folha informa ainda o recorte da região metropolitana de São Paulo, maior metrópole do país, onde o número de pessoas em situação de pobreza quase dobrou entre 2014 e 2021, passando de 2 milhões (9,5% da população) para 3,9 milhões (17,8%).
Na pobreza extrema a variação foi maior, passando de 381,4 mil pessoas (1,8% da população) para 1,03 milhão de pessoas (4,7% da população) no mesmo intervalo de sete anos.
O estudo mostra ainda que, no Rio de Janeiro o número de pessoas em extrema pobreza é de quase um milhão. Marcelo Ribeiro, coordenador do estudo e pesquisador do Observatório das Metrópoles disse à Folha que “é como se tivéssemos uma metrópole extremamente pobre dentro de São Paulo ou do Rio”.
A geração de trabalho e renda e o combate à pobreza e a miséria, garantindo condições dignas de vida para as famílias brasileiras, são prioridades do programa de governo da Coligação Brasil da Esperança, da chapa Lula-Alckmin.
A diretriz 8 do programa de governo, por exemplo, destaca o compromisso com a justiça social e inclusão com direitos, trabalho, emprego, renda e segurança alimentar para combater a fome, a pobreza, o desemprego, a precarização do trabalho e do emprego, e a desigualdade e a concentração de renda e de riquezas.
“É estratégica a retomada da centralidade e da urgência no enfrentamento da fome e da pobreza, assim como a garantia dos direitos à segurança alimentar e nutricional e à assistência social”, detalha também a diretriz 18.
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