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514 operações ilegais: tática bolsonarista aparelha Polícia Rodoviária Federal para impedir eleitores de votar

Na noite de sábado (29), recebemos diversos relatos de grupos bolsonaristas que orientavam, via Telegram e Whatsapp, que os eleitores de Jair Bolsonaro comparecessem logo cedo para votar e priorizassem os primeiros horários da manhã para ir às urnas. Neste domingo (30), eleitores de diversos estados relatam operações da Polícia Rodoviária Federal que atrapalham seus trajetos aos locais de votação. Operações da PRF para impedir eleitores de votar no Nordeste estão acontecendo ao longo de todo o dia. Até as 12h35 de hoje, foram ao menos 514 ações, em nítido desrespeito ao TSE.

As operações ferem decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que determinou, na noite de ontem, que tanto a PRF quando a Polícia Federal (PF), não realizem de qualquer operação contra o transporte neste domingo.

A decisão foi publicada a pedido da coligação de Luiz Inácio Lula da Silva após a detecção de rumores de que o governo estaria preparando operações no Nordeste para atrasar e/ou dificultar eleitores de irem às urnas. As informações divulgadas até o início da tarde de hoje nas redes sociais e pela imprensa comprovam que há uma ação orquestrada para aumentar o número de abstenções nestas eleições – especialmente em regiões onde pesquisas apontam vantagem de Lula sobre o atual presidente na corrida do segundo turno.

Em resposta às reportagens publicadas na imprensa, o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, intimou o diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, a “interromper imediatamente” quaisquer operações em curso que afetem o transporte público de eleitores. O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), também no sábado pediu explicações para a PRF sobre eventuais operações.

Em contrapartida, decisões têm ajudado a conter o número de abstenções nestas eleições. Como a determinação de que a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) que garanta o transporte gratuito do metrô de Belo Horizonte (MG) em todas as estações da cidade neste segundo turno. Vai ter passe livre em BH no metrô! A medida assegura ao eleitor a condição de exercer o seu direito ao voto.

Diretor da PRF declarou voto em Bolsonaro

Na véspera do segundo turno das eleições 2022, Silvinei Vasques, o diretor da PRF, publicou em suas redes sociais uma imagem em sua conta pessoal no Instagram pedindo votos a Jair Bolsonaro. Em um post feito em story, ele publicou uma bandeira do Brasil com a legenda “vote 22, Bolsonaro presidente”. Instantes depois, Vasques apagou a publicação.

Em seus perfis, Vasques já compartilhou com os mais de 41 mil seguidores, algumas vezes, fotos ao lado de Bolsonaro em compromissos oficiais de governo que contaram com a presença da PRF.

Segundo informações do jornal O Globo, Vasques é um dos dirigentes de polícia mais alinhados ao bolsonarismo. Em janeiro, por exemplo, esteve por uma semana em Las Vegas, nos Estados Unidos, para participar da feira de tiro esportivo Shot Show 2022, um evento que costuma ser frequentado por filhos do presidente, como o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro.

Causa alarme a reiterada negativa por parte de apoiadores de Jair Bolsonaro de descumprir ordem judiciais do Suprema Corte Brasileira, como ocorre com a deputada Carla Zambelli, que atirou contra um homem negro na tarde de ontem em São Paulo. Ela estava a poucas quadras de onde acontecia uma atividade com apoiadores de Lula e Fernando Haddad e infringe resolução que proíbe o porte de arma nas 24 horas anteriores e posteriores à realização do pleito eleitoral.

O Ministério Público Eleitoral (MPE) também abriu apuração preliminar sobre o possível uso eleitoral da PRF depois de a corporação instaurar processo contra um servidor que declarou voto no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje, as operações da PRF descumprem decisão do TSE para impedir eleitores de votar no Nordeste estão acontecendo ao longo de todo o dia.

O aparelhamento da PRF por Bolsonaro não é fato desconhecido. O presidente burlou a legislação e autorizou a nomeação de 625 servidores para o órgão em meio ao período eleitoral, sob a justificativa de que as contratações se encaixam na exceção da lei eleitoral que permite contratações no período de campanha em situações necessárias ao “funcionamento inadiável de serviços públicos essenciais”.

As denúncias feitas hoje, de deliberado impedimento ou dificuldade da ida de eleitores às zonas de votação exigem investigação urgente e responsabilização de seus responsáveis. Trata-se de claro atentado ao exercício do voto, coerção e ataque à democracia.