A notícia só não é pior porque retrata a situação da primeira quinzena do período oficial de campanha: 70% dos anúncios políticos veiculados no Google estão irregulares. Ou seja, segundo um estudo da UFRJ publicado na Folha de S.Paulo, as propagandas não incluem CNPJ nem aviso de que são peça eleitoral, como manda a lei. Na última semana da campanha, a tendência é que as irregularidades estejam ainda mais disseminadas!
A reportagem questionou o TSE sobre as irregularidades e a corte alegou não ser autoridade com poder de iniciativa nesse caso e que a atuação cabe ao Ministério Público ou aos partidos políticos. O caso é grave porque a ferramenta do Google, como está configurada hoje, pressupõe a boa-fé de quem está cadastrando os anúncios. Como este é um elemento escasso no bolsonarismo, o que vemos é mais um escândalo. 7 em cada 10 anúncios políticos realizados no Google estão irregulares e, mesmo assim, foram veiculados entre 15 e 30 de agosto (período da análise).
O estudo foi feito pelo NetLab, o Laboratório de Estudos de Internet e Mídias Sociais da UFRJ, que é coordenado pela pesquisadora Marie Santini. Foram verificadas diversas violações, além das citadas acima, como impulsionamento de propaganda a favor de candidatos pago por empresas, o que também é vedado pela legislação eleitoral, ou o direcionamento para site apócrifo e não identificado como propaganda eleitoral. Um exemplo é a que leva para o site “bolsonaropresidente.org”, que traz um vídeo de teor conspiratório e faz propaganda de um livro pró-Bolsonaro.
O Verdade na Rede vem denunciando seguidamente a leniência das plataformas digitais nessas eleições. Apesar do discurso bonito de combate às fake news e à desinformação, na prática, o que vemos é que seguem lucrando com as irregularidades que prometeram coibir.
Foi assim no caso do YouTube favorecendo conteúdo bolsonarista nas indicações automáticas de vídeos. Foi assim nas diversas vezes em que Facebook e Instagram aceitaram anúncios políticos irregulares, impulsionando fake news, golpismo e ataques a Lula e ao PT. Foi assim no caso do Facebook lucrando com as contas falsas que prometeu combater.
Na reta final das eleições, a impressão que temos é que as Big Techs, como são chamadas as plataformas digitais, perderam a chance de fazer valer suas boas intenções ao combater as mentiras. Não deixaremos de exigir que respeitem o Brasil e que ajudem a proteger a democracia brasileira, que a elas tem servido como um dos maiores mercados globais para seus produtos digitais.
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