O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a volta da fome no Brasil e o fato de um Estado como Minas Gerais contabilizar hoje dois milhões de pessoas em insegurança alimentar. Em entrevista coletiva em Montes Claros, nesta quinta-feira (15/09), Lula afirmou que isso acontece porque o presidente Bolsonaro não trabalha.
“O governo prefere ficar contando lorotas, prefere ficar contando mentiras do que governar. O que a gente está percebendo é que ele não trabalha mais. Ele nunca governou. Agora ele não governa e não trabalha”, disse, criticando também o desmonte do programa Farmácia Popular, muito importante para garantir aos mais pobres acesso aos medicamentos.
Lula lembrou o fim do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) no governo Bolsonaro e também mencionou o fato de o valor de repasse do governo federal para a merenda escolar estar há cinco anos sem reajuste. “Isso significa que a qualidade da merenda escolar caiu profundamente”, disse, acrescentando que a fome não tem tempo de esperar.
“Quem está com fome, precisa comer e o governo tem que trabalhar de forma muito rápida para aumentar a capacidade produtiva do país, para baratear o custo do alimento e fazer para aquelas pessoas que não podem comprar até o governo dar o alimento, sem nenhum bandido ameaçando a liberdade política de qualquer pessoa que precisa de uma cesta básica”.
A fome é feia
Em ato público após a conversa com os jornalistas, Lula voltou a abordar o drama da falta de comida nos lares brasileiros e lembrou que os governos petistas tiraram o Brasil do Mapa da Fome, fizeram com que 36 milhões de pessoas saíssem da situação de miséria absoluta e outros 42 milhões atingissem poder de consumo de classe média baixa. “As pessoas estavam felizes. As pessoas tinham dinheiro para comprar o que comer, as pessoas tinham dinheiro para viajar, as pessoas tinham dinheiro para ir no restaurante uma vez por mês levar seus filhos”, disse, afirmando ainda que a inclusão social, com pobres podendo viajar de avião, incomodou alguns que achavam que os aeroportos estavam virando rodoviária.
Lula afirmou que o Brasil, maior produtor de carne do planeta, não pode continuar assim, com pessoas na fila do açougue em busca de osso para a sopa ou comendo carcaça de frango, pescoço e pé por não ter dinheiro para compra peito de frango ou sobrecoxa. “As pessoas quando não comem vão ficando com o rosto sofrido, porque a fome é feia. A fome é dolorida e eu sei o que é a fome porque fui comer pão pela primeira vez com 7 anos de idade. E eu sei o que que é uma mãe de manhã levantar com vontade de dar um bom café para seu filho e não ter, de dar almoço e não ter”.
Voltar a gerar emprego
Lula lembrou do legado de seus governos, disse ter orgulho de ter acabado com a fome no Brasil e que não imaginava que a insegurança alimentar grave fosse voltar com a velocidade que voltou. “A fome não é só um problema de dinheiro. A fome não é só um problema de produção de alimento. A fome não é só um problema de seca. A fome é resultado da falta de vergonha na cara das pessoas que governam o país. Sobretudo um país do tamanho do Brasil, com a capacidade produtiva do Brasil, com a capacidade de emprego rápido do Brasil”.
O ex-presidente lembrou do papel do Minha Casa Minha Vida para geração de empregos no Brasil e lembrou dos retrocessos no mercado de trabalho com o governo Bolsonaro com muitas pessoas trabalhando na informalidade, sem nenhuma proteção social. “Nós vamos voltar a investir na geração e emprego porque vamos reestruturar as obras que estão paralisadas”, disse apontando também financiamento para pequeno e microempresário como alternativas de geração de emprego e oportunidades de trabalho.