“A determinação da ONU é obrigatória e o STF tem que se manifestar”, diz Haddad à Rádio Metrópole

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Fernando Haddad, porta-voz do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e candidato a vice em sua chapa, concedeu entrevista, nesta quarta-feira (22/08) pela manhã, ao programa Bom Dia na Metrópole, de Mário Kertész, na Rádio Metrópole, de Salvador (BA). Haddad comentou os resultados das pesquisas da semana, que colocam Lula a um passo de ganhar as eleições no primeiro turno, e comentou algumas das propostas do plano Lula de governo.

Haddad lembrou as vitórias alcançadas pelo Partido dos Trabalhadores na última semana: o registro da candidatura de Lula no Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), a determinação da ONU que exige que Lula tenha assegurado seu direito de se candidatar, e as pesquisas do Ibope e DataFolha que colocam Lula com 48% e 49% dos votos válidos, respectivamente. “O povo está dizendo ‘queremos Lula de volta’, ‘queremos o Brasil de volta’. O povo quer voltar àquele período bom do começo do século. Foram 12 anos de geração de empregos e prosperidade, distribuição de renda e oportunidades educacionais”, afirmou.

Haddad explicou mais uma vez a força da determinação da ONU. “De forma equivocada, alguns jornais estão dizendo que é uma recomendação. Não é, tem caráter obrigatório. A legislação da ONU foi aprovada pelo nosso Congresso. Nesse caso, o STF vai ter que se manifestar”. Ele lembrou que a ONU trata de grandes temas e, se houve rapidez pela defesa da candidatura do ex-presidente, é porque Lula não é líder apenas no Brasil, mas no mundo. “O povo quer, a ONU quer, acho que até o papa quer Lula candidato”, disse Haddad, lembrando que, no caso do STF impugnar a candidatura de Lula, cabe recurso, agora ainda com mais força, baseado no tratado internacional da ONU aprovado pelo país.

Haddad ressaltou que, a rigor, Lula não devia estar na cadeia, uma vez que seis dos onze juízes consideraram a prisão em segunda instância inconstitucional. “Não pode se pagar uma pena enquanto tiver recurso. Por isso, tenho certeza que o STF vai rever essa decisão”. Ele afirmou ainda que não há provas contra Lula, preso injustamente, e que Sérgio Moro não tem distanciamento necessário para julgá-lo.

O porta-voz de Lula afirmou que, enquanto aguarda a manifestação do STF, a campanha de Lula presidente está em pleno vapor. “A bola está com a Justiça. Nosso bloco está na rua, mostrando nosso plano de governo forte, que vai diminuir imposto de pobre, aumentar o imposto dos milionários e bilionários. Porque, no Brasil, quem recebe dividendos não paga imposto de renda, mas o sujeito que ganha até cinco salários mínimos, sim. Vamos mudar isso. Vamos fazer um choque de juros, aumentando o imposto de bancos que cobram juros altos e diminuir imposto de quem cobra juros baixos, para que o trabalhador possa limpar seu nome, abrir um negócio, comprar eletrodomésticos e fazer a economia girar. Nós vamos entrar para ativar a economia, porque se a economia estiver bem e a gente estiver educando as pessoas, o Brasil cresce”.

Haddad criticou a reforma trabalhista proposta por Michel Temer por impor ao Brasil um retrocesso de 200 anos. “Vamos voltar a ser colônia, quando o país era fornecedor de matéria-prima com mão de obra escrava. É esse o país que a elite tem na cabeça? Com toda essa tecnologia e a riqueza que temos? Não, nós temos a solução. E o povo sabe disso. E não existe sabedoria maior que a do povo”.

O ex-ministro da Educação afirmou que, nas ruas de Salvador, onde esteve em campanha levando a voz de Lula, ouviu muitos elogios sobre as trinta escolas técnicas, as seis universidades públicas, o Instituto Federal da Bahia: todas conquistas promovidas pelo governo do PT. “A juventude quer duas coisas: oportunidade de estudar e, depois, quer emprego. O Lula mostrou que isso é possível. E com pouca coisa, em clima de paz. Hoje em dia, só se pensa em armar as pessoas. Precisamos desarmar os espíritos e retomar o desenvolvimento. As pessoas estão cansadas de tantos cortes e elas sabem como o Brasil pode funcionar”.

Assim como agora, Haddad lembrou que, em 2002, quando aconteceu a primeira eleição do presidente Lula, o clima também era pesado. “Diziam que o Brasil ia quebrar, que o PT tomou dinheiro do povo. O PT não tomou de ninguém. E fez todo mundo crescer. Empresas cresceram, empregou mais gente, os salários cresceram, os lucros cresceram. Provamos durante 12 anos que, com o país bem conduzido, dá para todo mundo ganhar”.