Na noite desta quarta-feira (19/09), o candidato à presidência da coligação “O povo feliz de novo”, Fernando Haddad (PT), foi entrevistado pelo Jornal da Globo. Haddad falou sobre reforma bancária, investimentos estrangeiros no Brasil, segurança pública, combate à corrupção e sobre sua relação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“O banco que cobrar uma taxa de juros maior que a média do mercado, vai pagar mais impostos e o que cobrar menos juros, vai pagar menos imposto. Com isso, vamos levar o bancos a abaixar os juros”, disse Haddad sobre a proposta de reforma bancária do seu programa e que pretende voltar a liberar crédito no Brasil.
“O mais comum no exterior é a pessoa ir ao banco tomar um empréstimo e abrir um negócio, mas isso aqui não acontece porque aqui o juros é maior que lucro. Uma das razões da mortalidade das empresas no brasil é o fato de que elas não conseguem honrar seus compromissos”, declarou o candidato ao defender a proposta de redução do spread bancário (diferença entre os juros que os bancos pagam ao tomar dinheiro emprestado e os juros que os bancos cobram de seus clientes), que no Brasil são altíssimos.
O programa Dívida Zero, proposto pelo Plano de Governo Haddad Presidente, prevê a instituição de um linha de crédito em Banco público com juros e prazo acessíveis, para atender às pessoas endividadas. O candidato explicou que o programa faz parte de um “problema estrutural que não foi resolvido” e que por isso é necessária uma reforma bancária que combata o oligopólio do sistema financeiro e estimule cooperativas de crédito, mantendo os programas estruturados de crédito para programas sociais nos bancos públicos.
Haddad explicou que a volta do crescimento do investimento estrangeiro no Brasil, depende da revogação de medidas aprovadas pelo governo ilegítimo de Temer e lembrou os governos do PT foram os que mais atraíram investimentos estrangeiros para o Brasil. “O que está trazendo insegurança jurídica para o Brasil, são as medidas do Temer, como a PEC dos gastos. Nós temos obras paradas hoje que nós podemos perder o investimento se não voltarmos com essas obras”
Perguntado sobre segurança pública, Haddad falou sobre a importância de envolver todos os entes federativos (prefeituras, governos estaduais e governo federal) no planejamento e na estruturação de políticas públicas. O candidato falou sobre a proposta de criação do Sistema Único de Segurança Pública: segundo ele, não é mais possível que os estados fiquem sozinhos. Ele explicou a proposta de federalizar a investigação de delitos relacionados ao crime organizado.
O ex-ministro da educação de Lula falou sobre a importância dos mecanismos de combate à corrupção criados e implementados pelos governos do PT. Ele também condenou o afrouxamento destes mecanismos pelo governo ilegítimo de Temer – com o enfraquecimento da Controladoria-Geral da União, por exemplo, ou a mudança na regra de nomeação do Procurador Geral da República.
Haddad, disse ainda que tem muito orgulho de poder contar com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sua candidatura, apesar de lamentar que o direito de Lula de concorrer nas eleições tenha sido barrado mesmo com a liminar enviada pela ONU. “Lula é o que mais encarna o nosso projeto. Eu tenho muito orgulho de contar com o apoio do ex-presidente Lula”.
O candidato reafirmou que Lula não quer indulto: ele quer que os tribunais superiores reconheçam sua inocência e a completa falta de provas no falho processo que o condenou. Em carta enviada a Haddad na própria quarta-feira, Lula reafirmou que jamais trocará sua dignidade, pela sua liberdade. “Lula já disse, inclusive no momento no dia do seu registro, que ele já provou a sua inocência e o que ele quer é que o tribunais reconheçam a sua inocência”.