O Correio Braziliense teve acesso a mensagens de empresas que oferecem disparos de mensagens para candidatos. Em reportagem publicada nesta sexta-feira (19/10), o jornal afirma que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tinha todos os indícios de que os impulsionamentos irregulares em redes sociais estavam ocorrendo durante a campanha eleitoral a favor de candidatos. A “Folha de S.Paulo” denunciou ontem que empresários pró-Jair Bolsonaro (PSL) têm bancado a compra de distribuição de mensagens contra o PT por WhatsApp . De acordo com a reportagem da “Folha”, sai por R$ 12 milhões cada contrato, firmado com agências de comunicação especializadas em redes sociais.
Além do caso do empresário Luciano Hang, multado, no mês passado, em R$ 10 mil por contratação de patrocínio citando favoravelmente Jair Bolsonaro (PSL), especialistas, segundo o jornal, procuraram o TSE para detalhar como o esquema de empresas especializadas em disparos de mensagens via WhatsApp funcionava durante a eleição.
“Aqui vai a melhor dica para chegar lá nas eleições”, diz a propaganda para marqueteiros eleitorais, que o Correio teve acesso. “São disparos que atingem 100% das pessoas com celular, o que corresponde a 99% dos eleitores.” Tal ação não é permitida pela legislação, com o objetivo de evitar o abuso de poder econômico. As empresas oferecem o disparo para uma base de dados própria, o que também é proibido pelo TSE. Os bancos com cadastros de eleitores só podem ser criados pelos próprios partidos, candidatos e coligações.
Segundo a reportagem, o marqueteiro Marcelo Vitorino, responsável pela campanha digital de Geraldo Alckmin, e responsável pela denúncia contra o dono da Havan afirmou que todos as informações sobre o uso irregular das bases de dados, impulsionamento e disparos eram de conhecimento do TSE. “Todos as pistas de que isso ocorreria foram apresentadas, mas não se fez nada. Quem perde com isso é o eleitor, que acaba ludibriado.” Segundo ele, há menos de 50 empresas capazes de enviar mensagens em massa no Brasil, e que não seria tão difícil de se acompanhar ou investigar.
Três ações sobre irregularidades na campanha de Jair Bolsonaro pela internet foram apresentadas nesta quinta-feira 18/10) à Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE) e ao TSE: do PT e dos deputados Jean Wyllys (PSol-RJ) e Jorge Solla (PT-BA).