Experiências brasileiras inspiram vizinhos em nova doutrina de integração latino-americana

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“Espero seguir seu exemplo e tornar a Colômbia um país mais justo”. As palavras do presidente colombiano Juan Manuel Santos ao ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva expressam a preocupação com uma nova integração da América Latina, com um continente mais justo e igualitário. Na semana passada, Lula esteve em três países da Comunidade Andina: Colômbia, Peru e Equador e se encontrou com os três presidentes, que destacaram a importância do exemplo brasileiro para o continente. “Por seu trabalho em favor da democracia, da diminuição das desigualdades e pela aproximação entre os povos latino-americanos, Lula é um do maiores artífices modernos da grande pátria com que sonhamos”, disse o presidente equatoriano Rafael Correa. A convergência de governos progressistas no continente deixa cada vez mais claro, também, que a integração não pode ser apenas comercial, mas precisa envolver a política, a infra-estrutura, a comunicação, a cultura, sindicatos e universidades. “Sozinhos podemos ser mais rápidos, mas juntos podemos avançar mais longe”, resumiu o presidente peruano Ollanta Humala.

A integração da América Latina é um eixo principal no trabalho do Instituto Lula. Durante a viagem, além do encontro com os três presidentes, Lula visitou também o vice-presidente colombiano Angelino Garzón, que foi dirigente sindical, e o prefeito de Bogotá, Gustavo Petro. O ex-presidente foi homenageado com três títulos de doutor honoris causa, um da Universidad San Marcos, em Lima, a mais antiga das Américas, e outros dois em Quito, da Universidad Andina Simón Bolívar e da Escuela Politécnica del Litoral, a Espol. Lula recebeu ainda outras duas homenagens oficiais, a Medalha Cidade de Lima, das mãos da prefeita Susana Villarán, e a Condecoração da Orden de San Lorenzo, a mais antiga do Equador, das mãos do presidente Rafael Correa. Lula teve também encontros e falou a empresários, jovens, políticos, representantes de movimentos sociais e militantes.

Brasil e a integração latino-americana
O exemplo do Brasil recente, com promoção de democracia, diminuição das desigualdades e um desenvolvimento multipolar, com um olhar prioritário para América Latina, tem sido fundamental para inspirar essa nova integração. “O Brasil é um gigante. Um país onde tudo se conta com seis ou até sete zeros. E Lula soube contar com o coração para mudar a vida de milhões de pessoas”, destacou Rafael Correa.

Para Lula, o Brasil tem um papel nessa integração, que é o de ser um irmão mais velho, que incentiva, “um indutor do crescimento dos outros irmãos”. O Brasil quer se desenvolver junto com a região. Por isso, temos que pensar não apenas em vender mais, mas também em comprar mais de nossos parceiros. “A verdadeira integração se faz com equilíbrio”.

Momento especial
Em suas falas, Lula elogiou o momento especial que o continente vive, com democracia, crescimento e diminuição das desigualdades. Nunca a América Latina teve tantos governos progressistas, comprometidos com a redução das desigualdades. E o ex-presidente fez questão de deixar claro que cuidar dos mais pobres é investir no desenvolvimento do país. “O Bolsa Família, que muitos diziam que era assistencialismo, aliado ao crédito e ao aumento do salário mínimo, foi o que permitiu que o Brasil não sentisse tanto a crise internacional”.

A ideia de que não era preciso esperar o bolo crescer para distribuir foi repetida como um exemplo nos três países que Lula visitou. O ex-presidente lembrou que a experiência de seu governo desmentiu três dogmas: “Mostramos que distribuir o bolo era a maneira certa de fazer ele crescer. Provamos ainda que era possível aumentar o salário mínimo sem a inflação. E provamos também que foi uma boa ideia fortalecer as relações comerciais com a América Latina e a África”.

Lula convidou intelectuais colombianos, peruanos e equatorianos a participarem das discussões sobre a integração da América Latina que o Instituto Lula está promovendo com diversos segmentos da sociedade. “Com inteligência, maturidade e paciência se poderá construir uma integração que perpasse por áreas como a comercial, a política, a de infraestrutura, a de comunicação, a de cultura e das universidades”.

Falando para diferentes audiências, o ex-presidente também incentivou e cobrou maior participação nesse processo de integração e desenvolvimento. Dos empresários, porque são quem “transforma aquilo que os governos decidem em coisas práticas”; dos jovens, para que acreditem na política e não deixem de cobrar dos governantes, quando discordarem; das universidades, não apenas para pensar a nova integração, como também para promover na prática um maior intercâmbio de estudantes dentro do continente.

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COLÔMBIA
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PERU
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EQUADOR
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