No dia 17 de outubro é celebrado o Dia Internacional para Erradicação da Pobreza. E o Brasil tem muito a comemorar. Além de já ter atingido com quase uma década de antecipação o primeiro objetivo da Cúpula do Milênio, de reduzir a pobreza pela metade dentro das fronteiras, o Brasil foi um dos países que mais contribuiu para o alcance global da meta. Em 2012, o Brasil já tinha reduzido a pobreza a 3,5% da população, ou seja, não a metade, mas menos de um sétimo daquela registrada em 1990, que era de 25,5%.
Em setembro, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) divulgou o Relatório sobre o Estado da Insegurança Alimentar no Mundo (SOFI2014 ) e destacou o Brasil como um dos países mais bem sucedidos no combate à desnutrição e à pobreza.
O sucesso levou o país a se propor uma meta ainda mais alta. Em 2010, o Brasil resolveu adotar a meta de superar a extrema pobreza até final de 2014. Segundo o ministro Marcelo Neri, da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, pelos critérios internacionais, superar a extrema pobreza significa chegar a uma taxa de 3%, “porque sempre tem um resíduo de pessoas que estão entrando e saindo da pobreza, como, por exemplo, quando um membro da família perde o emprego”.
Ouça aqui ou leia abaixo a entrevista de Marcelo Neri, Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, sobre o assunto ao programa A Voz do Brasil desta sexta-feira, dia 17.
Repórter Paulo La Salvia: Ministro, como que o Brasil assumiu esses critérios da ONU, trabalhou com esses critérios da ONU e colocou em prática aqui no país?
Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República – Marcelo Neri: Os critérios da ONU foram assumidos em 2000, a Cúpula do Milênio, mas, na verdade, datam de 90. Quer dizer, de 90 até 2015, nesse período de 25 anos, a meta de pobreza é reduzir a pobreza à metade. Então, o Brasil, ele, já por volta de 2005, 2006, já tinha cumprido a meta da ONU, em metade do tempo, e, em 2010, o Brasil resolveu adotar a meta de superar a extrema pobreza até final de 2014, de superação de extrema pobreza, que é mais ou menos, pelos critérios internacionais, chegar a 3%, porque sempre tem um resíduo de pessoas que estão entrando e saindo da pobreza, como há, por exemplo, no caso do desemprego. Então, o Brasil adotou essa meta mais ousada de fazer… Não reduzir à metade em 2025, mas superar a extrema pobreza em quatro anos. Isso foi assumido, e, na verdade, agora, o que a gente observa é que o Banco Mundial, a ONU, no âmbito das novas metas, das metas de desenvolvimento sustentável, estão adotando, estão propondo – ainda vai ser aprovado – uma meta de superação total da pobreza, mas para 2030. Então, eu acho que isso é um caso interessante, aonde existe uma meta internacional. O Brasil adota essa meta. Na verdade, adota uma meta mais ousada, e, depois, o mundo acaba seguindo a direção brasileira. Então, eu acho que é uma via de mão dupla bastante interessante.
Repórter Paulo La Salvia: Isso mostra que as estratégias que o Brasil colocou em prática, ao assumir esse compromisso, em 1990, reforçado em 2000, que são os objetivos do milênio, aqui no país, deram certo?
Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República – Marcelo Neri: Deram certo, por uma conjunção… Quer dizer, se a gente pegar de 2003 para cá, a extrema pobreza caiu 56%, nesse período de dez anos, até finais de 2013, e, em metade, na verdade, desse processo, 47% dessa queda de mais da metade, foi por conta do crescimento da renda, e 53% por conta da redução da desigualdade. Então, eu diria que o Brasil não só é um caso interessante e exemplar, no sentido de atender a meta, mas também seguindo esse caminho do meio, combinando crescimento com redução de desigualdade, que é algo relativamente raro hoje. Hoje os países… Vários países que estão conseguindo atingir a meta, mas crescendo, com desigualdade em queda, ou outros que fazem o oposto [reduzindo a desigualdade, mas sem crescimento]. O Brasil tem feito um pouco dos dois, o que é interessante, crescendo e reduzindo desigualdade, porque até diversifica um pouco os riscos, né, para o atingimento da meta.
Repórter Paulo La Salvia: Quem conversou com exclusividade com a Voz do Brasil foi o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri. Muito obrigado pela entrevista, ministro, pela atenção do senhor ter falado conosco.
Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República – Marcelo Neri: Obrigado.
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