Lula é reeleito presidente do sindicato com 98% dos votos. Desde sua posse, imprimira um jeito moderno e eficiente de envolver a categoria. Se os trabalhadores não vão ao sindicato, o sindicato vai até eles, transferindo as assembleias para as portas das fábricas. Agora, no segundo mandato, Lula decide substituir os tradicionais boletins informativos por materiais mais lúdicos, com charges e quadrinhos. Surge o personagem João Ferrador, desenhado por Laerte Coutinho, ícone da imprensa sindical do ABC.
Lula consegue levar o movimento sindical a um novo patamar de legitimidade. O novo sindicalismo que emerge no ABC mostra-se ao mesmo tempo combativo e independente. Em nada lembra o “peleguismo”, praticado por dirigentes mais fiéis aos interesses dos patrões do que às reivindicações da categoria, nem o “aparelhismo”, característico de diretorias controladas por partidos políticos, acostumados a usar a entidade como instrumento de divulgação de doutrinas e cooptação de votos, sem identificação real com as demandas dos trabalhadores.