Presidente do Instituto Lula nega irregularidades na armazenagem do acervo

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Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, negou que o pagamento de cerca de R$ 21 mil mensais para a armazenagem do acervo presidencial pela empresa OAS tenha sido parte de qualquer acerto de propina. A OAS pagou a parte chamada “seca” da armazenagem. Okamotto celebrou um contrato direto com a Granero para a parte climatizada do acervo.

Okamotto também explicou que o primeiro contato para que ele cuidasse do armazenamento foi feito por Gilberto Carvalho em dezembro de 2010. E que quando ele foi verificar com a presidência, o acervo presidencial era de 11 containers, a maior parte desse material sendo cartas, camisetas, e artesanato recebidos pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Okamotto relatou que antes de conversar com Léo Pinheiro sobre o armazenamento, o que só aconteceu em fevereiro de 2011, conversou com Sérgio Nobre, do sindicato dos Metalúrgicos do ABC, porque sabia que a entidade dispunha de um espaço vago. Porém, tal espaço seria usado como depósito durante a reforma da sede do sindicato.

Paulo Okamotto afirmou que perguntou a Léo Pinheiro se ele tinha um espaço de armazenagem. O ex-presidente da OAS respondeu dizendo que alugava um espaço da Granero, e que poderia ajudar temporariamente. 

Devido ao embargo do projeto do Memorial da Democracia pelo Ministério Público de São Paulo, que impediu o uso de um terreno cedido pela Prefeitura de São Paulo para a criação de um museu público, não houve como disponibilizar o acervo e ele seguiu armazenado na Granero. Essa situação se estendeu porque era esperado que houvesse uma solução para essa questão, o que não aconteceu. 

Tríplex

O presidente do Instituto Lula falou também sobre o apartamento tríplex que é atribuído ao ex-presidente Lula e Dona Marisa Letícia. Okamotto disse que fazia o imposto de renda da família Lula desde 2000, e que desde 2006 lançou na declaração a cota de um apartamento no Guarujá, pertencente a um projeto imobiliário da Bancoop. Ele relatou que no final de 2011, um representante da OAS entrou em contato com Dona Marisa para falar sobre a cota adquirida junto à Bancoop.  O representante da empresa teria dito que ela poderia adquirir o apartamento 141 ou usar o crédito para comprar outro apartamento no prédio ou em outro empreendimento da OAS Empreendimentos. Okamotto afirmou que Dona Marisa liberou a venda do apartamento 141, entre o final de 2011 e início de 2012. 

No final de 2013, segundo Paulo Okamotto, Léo Pinheiro convenceu Lula a visitar o apartamento. E que o ex-presidente até comentou a dificuldade de ir à praia. E que, ao final desse encontro, Okamotto comentou com Pinheiro: “Se o presidente quiser comprar qualquer imóvel, teria que pagar o preço de mercado.” E que Léo Pinheiro afirmou que o metro quadrado na região custava entre R$ 7 mil e R$ 8 mil, porque havia muita procura na região com perspectiva de valorização por conta dos investimentos no pré-sal. E que nunca soube de reserva de apartamento tríplex para o ex-presidente no Guarujá.