O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta segunda-feira (25) do seminário da Aliança Progressista, organização que reúne partidos e movimentos de todo o mundo. Itália, Israel, Argentina, Nepal e Alemanha foram alguns dos países que enviaram representantes ao encontro, realizado em São Paulo.
O discurso de Lula teve de ser lido por Luiz Dulci, diretor do Instituto Lula, para poupar a voz do ex-presidente. Mas Lula decidiu falar ao microfone e comentou a crise política brasileira e a tentativa de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Lula agradeceu “aos democratas e progressistas de todos os países que, nesta hora difícil, estão solidários com o povo brasileiro e com a presidenta Dilma Rousseff”. “O que está em jogo em nosso país é mais do que o mandato legítimo da presidenta Dilma Rousseff. É o voto soberano de 54 milhões de mulheres e homens, que a escolheram livremente para governar o país”, explicou.
A ruptura democrática em nosso país é uma ameaça não só ao Brasil, mas aos nossos vizinhos: “O que está em jogo é o risco de interromper um processo histórico, que passou pela conquista da democracia e nos levou a avanços extraordinários do ponto de vista social, político e econômico. Um processo histórico que levou à eleição de governos democráticos e populares na ampla maioria dos países da América Latina”.
Segundo o ex-presidente, tais conquistas permitiram melhorar a vida das populações desses países: “No Brasil e na América Latina o processo democrático abriu caminho para a conquista da cidadania e da dignidade por milhões de pessoas que viviam em condições desumanas”.
“O que está em jogo nesse momento é a continuidade do processo democrático no Brasil e em toda a região”. disse.
Comentando o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, Lula afirmou que “no Brasil, a oposição, derrotada nas urnas pela quarta vez consecutiva, optou pela estratégia golpista para voltar ao poder.” Os que se opõem ao governo querem implantar “por caminhos autoritários, a agenda neoliberal derrotada nas urnas; a agenda de desconstrução das conquistas sociais e de entrega do patrimônio nacional”, afirmou Lula.
Formou-se “uma aliança oportunista entre a grande imprensa, os partidos de oposição e uma verdadeira quadrilha legislativa, que implantou a agenda do caos”, disse. Tal aliança “foi comandada pelo presidente da Câmara dos Deputados, réu em dois processos por corrupção, investigado em quatro inquéritos e apanhado em flagrante ao mentir sobre suas contas escondidas no exterior”, afirmou aos líderes estrangeiros presentes no seminário.
“Não havia e não há, absolutamente, nem fatos nem sustentação jurídica” para o impeachment da presidenta. “Foi um gesto claro de vingança, ao qual se juntaram, sem nenhum pudor, os chefes da oposição derrotada nas urnas”, disse o ex-presidente.
Segundo Lula, “a elite brasileira não suporta 28 anos de democracia”. “Não suporta a perspectiva de um partido progressista continuar governando o Brasil”. Sobre a imprensa, afirmou: “Não é possível aceitar que um canal de TV governe o país, que meia dúzia de jornais e revistas diga quem é bom e quem é ruim”, disse. Para o ex-presidente, “a imprensa estrangeira está dando uma lição de moral na imprensa brasileira”.
Apesar da crise, o ex-presidente reafirmou sua disposição de resistir ao golpe: “Estou convencido de que esse é um momento de muita luta. Nós só queremos uma coisa: respeitem o voto popular. E se querem ganhar as eleições, esperem por 2018′.
Lula terminou com um recado: “Se alguém está cansado de democracia, é bom avisar, porque nós do PT começamos a gostar dela e não vamos parar”.
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