A justiça não tardará. Jair Bolsonaro vai pagar caro por todo o mal que vem causando ao país, principalmente por quase 450 mil mortes por Covid-19, prevê o ex-presidente Lula. Segundo Lula, se o líder de extrema direita não for punido por um impeachment, em decorrência das investigações da CPI da Covid, “será o povo brasileiro quem se libertará de Bolsonaro”. A declaração foi dada ao prestigiado jornal britânico The Guardian, em entrevista publicada nesta sexta-feira (21).
No texto da conversa com o presidente, o correspondente Tom Phillips aponta que Lula é “um enérgico estadista internacional que promoveu o Brasil como campeão progressista do mundo em desenvolvimento e líder em questões ambientais e climáticas”.
Na entrevista, Lula afirma que o Brasil pode ser resgatado do destino de ser um pária internacional após o “psicopata” Bolsonaro deixar o país ser devastado pelo vírus da Covid-19. “Ele poderia ter evitado metade dessas [450 mil] mortes”, lamentou o ex-presidente.
“Guarde minhas palavras … não será Lula quem derrotará Bolsonaro. Não será nenhum candidato que derrotará Bolsonaro. Será o povo brasileiro quem se libertará do Bolsonaro ”, declarou Lula.
Liderança confiável e otimista
O correspondente do Guardian observa que Lula se posiciona como uma uma liderança “confiável, moderada e otimista”, em oposição ao “extremismo idiota” de Bolsonaro, especialmente depois da anulação de suas condenações nos processos da Lava Jato. O jornal assinala que o STF “decidiu que Sergio Moro, o juiz de direita que prendeu Lula antes de ingressar no gabinete de Bolsonaro, tratou o ex-presidente de maneira injusta”.
O jornal ouviu análise do cientista político Christian Lynch, baseado no Rio de Janeiro. De acordo com Guardian, o cientista considera que “membros poderosos da elite política e econômica preferem trabalhar com um negociador pragmático como Lula, em vez do “sectário intransigente” agora no poder”. Lynch também avaliou ao jornal que o retorno de Lula ao jogo político é um acontecimento “épico”.
Brasil de Bolsonaro: pária global
Na entrevista, Lula também argumentou que o país não pode mais ficar isolado do resto do mundo, não apenas pela maior crise sanitária da história brasileira, aprofundada pelo governo, mas pelos desastres diplomáticos causados pela política externa de Bolsonaro.
“Hoje, o Brasil é um pária global. Não há país com credibilidade que goste do Brasil”, sustenta Lula. “Não há país que queira receber o presidente brasileiro e nenhum presidente que queira vir aqui ”, disse. O jornal observa que, recentemente, o líder petista se encontrou com enviados britânicos, alemães e sul-africanos no esforço de reconstruir pontes com o mundo
“Depois de assumir o cargo em janeiro de 2019, Bolsonaro abraçou Donald Trump e se afastou de um elenco de estrelas de líderes mundiais, incluindo o presidente francês, Emmanuel Macron, a chanceler alemã, Angela Merkel, o líder chinês, Xi Jinping, e Joe Biden, cuja vitória Bolsonaro demorou 38 dias para reconhecer”, relata o Guardian, confirmando a análise do ex-presidente.
Reconstrução do Brasil
O correspondente também destaca o trabalho de Lula para reconstruir o Brasil, destroçado por Bolsonaro social e economicamente.
“Assim que o nosso partido tiver seu candidato e estivermos em campanha, vamos pelo Brasil, visitar todos os estados, fazer debates, conversar com o povo, visitar as favelas, os recicladores, as pessoas LGBT … Quero falar com a sociedade brasileira para poder dizer: ‘É possível construirmos um novo país … É possível fazer esse país feliz novamente”, assegurou Lula.
Ele se diz otimista com o futuro do Brasil, como confirma no final da conversa com Phillips: “O Brasil é um país que pode se dar bem com todos”, aposta ele. “Eu até disse ao embaixador britânico que Boris Johnson pode se preparar, porque se eu for para o Reino Unido ele terá que fazer uma corrida de bicicleta comigo por Londres – e vou mostrar a ele como sou um ciclista competente”, brincou Lula.