Lula compara democracia a casamento e diz que muitos usam o nome de Deus em vão

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Em entrevista à Rádio 97 FM, de Natal, no começo da tarde desta terça-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou a democracia com o casamento e disse que a convivência familiar é algo sagrado.

“Eu faço disso um exemplo da minha atividade política porque eu costumo comparar muito a democracia com o casamento. Quando você casa, você começa a praticar o exercício fundamental de democracia que é fazer concessão. Se não houver a disposição de ceder, compartilhar, ser verdadeiro, o casamento se desmonta. Então, a família para mim representa muito. E eu não estou teorizando. Eu estou dizendo da minha prática de um homem que gosta de viver em família.”, disse.

O ex-presidente lembrou da união de 43 anos com a ex-primeira-dama Marisa Letícia e disse que ela foi vítima da cretinice da Lava jato. “Ela não suportou o que fizeram comigo, o que fizeram com seus filhos, o que fizeram com ela. Acho que apressou a morte dela”.

Lula criticou a postura daqueles que falam em família e utilizam o nome de Deus em vão.  “Tem gente que trata Deus como se fosse um comércio, como um produto a ser vendido. Eu não acredito nessa religiosidade das pessoas que fazem da religião e da fé do povo um negócio.

O ex-presidente voltou a defender conversas com diferentes correntes de pensamento político e disse que política é a arte da convivência democrática na diversidade. Ele disse que, se decidir ser candidato à Presidência em 2022, vai construir uma aliança para recuperar o Brasil e não apenas para ganhar a eleição. “Quando assumi em 2003, o Brasil estava em situação delicada. Nós colocamos o Brasil em ordem.  Agora o Brasil está pior. São 15 milhões de desempregados, 33 milhões na informalidade, 19 milhões passando fome e 40 milhões vivendo em situação de insegurança alimentar.  Você precisa recuperar esse país. Fazer a indústria voltar a produzir, gerar emprego e aumentar o salário”.

“Quem quiser fazer parceria comigo tem que saber o seguinte: eu tenho um compromisso que não é de honra, é de vida. Ninguém pediu para ser pobre. Ninguém deve ser pobre a vida inteira. As pessoas têm que tomar café, almoçar e jantar todo dia. As pessoas têm que trabalhar, as pessoas têm que ter um salário, as pessoas têm que ter o direito de estudar numa universidade, as pessoas têm que ter direito à Cultura, tem que ter direito ao lazer.  É o que está na Constituição. Eu não preciso ser comunista e andar com o manifesto comunista pendurado no pescoço. Eu apenas quero cumprir a constituição”.

Lula defendeu reforma tributária para distribuição mais justa de renda, defendeu investimentos por parte do Estado e criticou o projeto privatista do governo Bolsonaro, a quem chamou de facínora e anomalia da democracia.

“Você não vê uma palavra de acalento, uma palavra de esperança, uma palavra humanista do presidente. É só desgraça. Não estava habituado a conviver com cidadão de tão pouca qualidade humanista. As pessoas têm que ter esperança, afeto, solidariedade e fraternidade”.