Lula e Janja conversam sobre cooperativismo com artesãs que bordaram vestido de noiva

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No primeiro compromisso no Nordeste, em agenda de três dias iniciada hoje, 16, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a esposa, Janja Silva, se encontraram na manhã de hoje, 16, em Natal (RN), com artesãs de Timbaúba dos Batistas, responsáveis pelos bordados do vestido de noiva de Janja.

Lula e Janja conversaram com as bordadeiras sobre os desafios para o cooperativismo no Brasil. Ouviram delas relato das dificuldades que enfrentam hoje com falta de apoio do governo e apontaram prioridades de políticas públicas voltadas para a área que gostariam de ver implementadas. Linhas de crédito e incentivo para participação em feiras são algumas delas, além de políticas de inclusão social, como de financiamento de moradia, o Minha Casa Minha Vida.

Lula, que em seus governos criou políticas de inclusão social, de estímulo às cooperativas e de valorização do artesanato e da cultura popular, falou da importância de ouvir as demandas de quem vive a realidade, aprender com essas conversas e criar políticas de baixo para cima, envolvendo os diversos segmentos sociais.

“Eu fui a Porto Alegre (RS) e tive reunião com cooperativas de atividades diversas. E eu saí de lá convencido que, quem sabe, as cooperativas podem significar um jeito de a gente resolver parte do problema do desemprego neste país. Acontece que a gente não pode fazer cooperativas de cima para baixo. Estou convencido de que as cooperativas têm que ser de baixo para cima. As pessoas têm que ter consciência da importância da cooperativa”, disse.

Lula acrescentou que, se eleito, tentará dar tratamento especial para as cooperativas. “Temos que facilitar. Não podemos pensar que uma cooperativa funcione como se fosse uma empresa. Vamos levar muito a série esse negócio”

Uma das artesãs lembrou que a presidenta Dilma Rousseff sancionou a lei que reconhece a profissão do artesanato, mas que a lei não foi regulamentada.

Luar do Sertão

No casamento realizado há um mês, Janja usou um vestido off white bordado com a temática Luar do Sertão, que reproduziu com delicadeza as fases da lua, o céu estrelado, a fauna e flora do Nordeste. Muito elogiada, a peça foi um símbolo do amor dos noivos pelo Brasil, pela cultura popular e pela vida de responsabilidade com os trabalhadores.

Presente das estilistas Helô Rocha e Camila Pedrosa, o vestido foi bordado por mulheres que trabalham em grupo de cooperativa de Timbaúba dos Batistas, cidade da região do Seridó, que é um geoparque mundial da Unesco e tem o artesanato reconhecido internacionalmente pela originalidade e excelência.

As bordadeiras falaram do quão gratificantes foi fazer parte de um momento tão especial na vida do casal. Lula e Janja agradeceram o trabalho tão lindo.

Janja destacou a importância do trabalho das mulheres em cooperativa para empoderamento feminino e para geração de trabalho e renda para a cidade de 2500 habitantes, dos quais 800 são mulheres bordadeiras. A cooperativa que reúne o grupo que bordou o “Luar do Sertão” foi criada em 1984 e tem 30 cooperadas.

Superação

Por trás das mãos de fadas, as bordadeiras guardam histórias de superação. Alcilene Medeiros começou a bordar aos 13 anos, treinando nas roupas que usava. Hoje atende a estilistas renomadas como Helô Rocha, Vanessa Montoro e Laura Segall e já teve peças no palco da São Paulo Fashion Week.

Alcileide Cavalcanti, 47, aprendeu a bordar para ajudar a mãe que criava a família sozinha, depois do abandono do pai dela. Ela também borda para sustentar a casa e diz que a tradição é passada de mãe para filho.

“Depois da visibilidade com o vestido de noiva da Janja, aumentou bastante o número de encomendas. Temos trabalhos já programados para o fim do ano”, conta.

Valdineide nasceu numa casa de artesãos e aprendeu o ofício dos bordados aos 11 anos. De uma família beneficiada por políticas sociais do governo Lula, como Bolsa Família e Pronaf, ela se diz orgulhosa de ter criado a arte do vestido de Janja.

“Minha arte está sendo exposta para o mundo todo”. Como as demais artesãs, ela pede incentivo do governo federal para o artesanato para que a cultura de todas as regiões seja disseminada. “O brasileiro é muito rico culturalmente e de forma muito diversificada”.