Durante os 8 anos de seu mandato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva transformou o país em um protagonista na diplomacia internacional. Em uma entrevista para a rádio Metrópole, de Salvador (BA), na manhã de hoje, 1º, ele afirmou que pretende devolver ao país sua credibilidade internacional, como forma de atrair novos investimentos externos.
“Eu tenho na política externa uma crença muito forte”, disse o ex-presidente. “Tenho certeza que vai entrar muito investimento neste país, quero construir parcerias. Vamos visitar o mundo, vamos restabelecer nossa credibilidade internacional e o Brasil vai voltar a ser um país que você, quando chegar num aeroporto e mostrar seu passaporte brasileiro, vai ver o orgulho que você vai ser recebido”.
Assim como fez de 2003 a 2010, Lula pretende usar como suas principais armas o diálogo e o respeito com as diferentes nações e líderes mundiais.
“Vou conversar com o Biden, com os alemães, com os franceses, com os italianos, com os ingleses, com os japoneses, com os chineses, com os russos, com a Venezuela, com a Argentina, Chile, Peru, Equador, Colômbia, Paraguai, chamar todos, dar um abraço, um tapinha nas costas. Todos os países precisam crescer juntos”, ressaltou.
Essas relações, segundo o ex-presidente, ajudaram o Brasil a quadruplicar sua balança de comércio internacional, o que fez com que o país chegasse a ser a sexta maior economia do mundo.
“Quando chegamos na presidência, o Brasil não tinha reservas internacionais, o fluxo da balança comercial com o exterior não chegava a US$ 100 bilhões e o Brasil não tinha dinheiro para pagar as suas importações”, recordou. “Quando eu cheguei na presidência, o fluxo da balança comercial com a Argentina era de US$ 7 bilhões, tudo que a gente comprava e a gente vendia. Quando deixei a presidência, era de US$ 39 bilhões. O comércio exterior era de menos de US$ 100 bilhões, quando deixei a presidência era de US$ 432 bi.”
Legado e futuro
Falando sobre seu legado na política externa, Lula recordou a criação de organismos internacionais como o Brics, a Unasul, a Celac, o fortalecimento do Mercosul e a expulsão da Alca, além de grupos de discussão política entre a América do Sul e a África e também com os países árabes.
“Passamos a ter relação com o mundo. Fui o primeiro presidente brasileiro a participar de todas as reuniões do G7 e depois ajudei a criar o G20, quando o Brasil era tratado com muita deferência. Sabe por quê? Respeito é bom, eu gosto de dar e gosto de receber. Fui bem tratado por todos os presidentes da República, pelo Bush, pelo Obama, pelo Chirac, pelo Sarkozy, por todos que passaram pela Alemanha e pela Itália. Acho que o Brasil é um país que pode se dar bem com todo mundo”, declarou.
A ideia do ex-presidente é que é necessário recuperar, no cenário internacional, a credibilidade perdida durante a gestão desastrosa do governo Bolsonaro, que cortou diversos acordos e linhas de cooperação com outros países.
“Então, se eu ganhar essa eleição, eu vou viajar para restabelecer a relação que o Brasil tinha com todos os países da Europa, da América do Sul, com a África do Sul, com a China, com os países árabes, com os Estados Unidos, ou seja, nós vamos restabelecer a relação não apenas entre os Estados, mas com os empresários, para que eles voltem a acreditar na capacidade de investimento dentro do Brasil. Não para comprar as nossas empresas públicas, mas para fazer coisas novas que nós precisamos”, resumiu.
Para Lula, “a primeira coisa que o presidente tem que ter é credibilidade, o presidente da República, quando ele abre a boca para falar alguma coisa, a sociedade precisa acreditar, então ele tem que ser sério. A segunda coisa é previsibilidade, a gente não pode ficar todo dia inventando uma coisa. A terceira coisa que a gente tem que garantir é estabilidade, para que as pessoas tenham disposição de investir, estabilidade política e jurídica”