Lula lembra que PT e oposição já defendiam aumento dos auxílios e diz que projeto é eleitoral: “Ele acha que pode comprar o povo”

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Em entrevista ao vivo para a rádio Metrópole, de Salvador (BA), na manhã de hoje, 1º, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a falar da importância dos benefícios sociais, como Bolsa Família e Vale Gás, que são defendidos e adotados pelos governos do PT. Ele lembrou que o aumento do auxílio emergencial para 600 reais era uma reivindicação da oposição e criticou a ação do governo de conceder o acréscimo apenas às vésperas da eleição, numa tentativa de comprar o povo brasileiro.

Para Lula, o povo precisa, merece e deve receber o aumento, independente do caráter eleitoreiro da medida. “Ele (Bolsonaro) sabe que o problema dele se chama povo brasileiro. É por isso que ontem ele mandou várias medidas para dar dinheiro: aumentar o auxílio emergencial, que era uma reivindicação da oposição, para R$ 600; aumentar o vale gás, que foi uma coisa do deputado federal do PT, o Carlos Zarattini, dar auxílio para os motoristas autônomos. Tudo bem, o povo tem que pegar o dinheiro, mas isso não resolve o problema, porque tudo isso vai acabar em dezembro”, afirmou.

O ex-presidente disse que o povo brasileiro não vai se iludir com a medida (PEC 16/2022) que foi aprovada no Congresso. Ele destacou a forma desrespeitosa com a qual o governo trata o povo, que merece solidariedade e compaixão. 

“Na verdade, o projeto que ele mandou é um projeto eleitoral. Ele acha que ele pode comprar o povo, ele acha que o povo é um rebanho, que o povo não pensa, que o povo vai acreditar em mentiras e não vai. Chega. Não se pode mentir para o mundo inteiro todos os dias. Ele vai deixar a presidência da República porque o povo brasileiro, quase 150 milhões de eleitores, vai para a urna eletrônica dizer chega, chega. O Brasil precisa de gente melhor, o Brasil precisa de gente que fale em amor, que fale em paz, que fale em solidariedade, que fale em fraternidade, alguém que conheça a palavra carinho, alguém que conheça a palavra compaixão e não uma pessoa que só vende ódio e só instiga a divergência”, declarou.

A nova lei, que cria um “estado de emergência” e reduz a arrecadação dos estados por meio do ICMS, mostra a falta de coragem do governo em enfrentar a alta nos preços dos combustíveis, segundo o ex-presidente. Isso porque a situação é de responsabilidade do presidente, que poderia resolver com uma atuação mais firme junto à Petrobras.

“Ele mexeu no ICMS dos estados porque não teve coragem de mexer na Petrobras, porque ele é responsável pelo que está acontecendo. Quando o Pedro Parente instituiu a paridade de preços, ele não consultou o Congresso, ele não consultou a sociedade, foi a direção da Petrobras. Para mudar isso, o presidente poderia fazer, o presidente da Petrobras poderia fazer, o conselho poderia fazer. Ele não tem coragem de brigar com as empresas que fazem a importação de gasolina, a gente vendeu a BR dizendo que ia ter concorrência, que a gasolina ia ficar barata”, criticou.

Priorizar os pobres

Lula se disse não ser possível aceitar que haja hoje no Brasil pessoas com fome, crianças pedindo esmola e mulheres em filas de osso. “Eu não posso aceitar a fome, eu não posso aceitar uma criança pedindo esmola na rua. Eu não posso aceitar, num país que é o maior produtor de proteína animal, uma mulher entrar num açougue para ficar esperando osso. Eu não me conformo. Eu tenho uma coisa que me machuca muito é que a sociedade brasileira perdeu a capacidade de se indignar. Indignar. Essa é a palavra que deve permear eu, você e todo mundo”, disse defendendo ainda que, num eventual novo governo vai priorizar o pobre e o pequeno.

Segundo ele, é preciso gerar emprego, aumentar o salário mínimo e fazer a massa salarial crescer para que o povo viva bem. “Esse país não precisa ter pessoas morrendo de fome, crianças desnutridas esse país não precisa ter porque nós temos como fazer. O que precisa é colocar dinheiro na mão do povo, que o povo vai comprar, O Brasil está precisando de alguém que diga o seguinte: Eu vou ganhar as eleições, eu vou governar para 220 milhões de brasileiros, mas todo mundo tem que saber que o povo pobre vai ter prioridade, o pequeno vai ter prioridade”.

O ex-presidente lembrou veio com a família para São Paulo na década de 1950 para fugir da fome e disse que hoje a situação está ficando pior. Estou indignado e essa indignação é que vai me ajudar a governar esse país. A Bahia vai voltar a viver melhor e o Brasil vai voltar a viver melhor”, declarou.