Enquanto Jair Bolsonaro defende publicamente a tortura, Luiz Inácio Lula da Silva prega aos quatro ventos que só tem espaço para o amor no seu coração. O atual presidente quer que todos comprem fuzis. Lula quer menos ódio e mais tolerância. De tudo o que aprendeu na vida, Lula valoriza o cuidado com as pessoas mais humildes. Ele não. Essa é verdadeira polarização
Se é verdade que vivemos hoje em um Brasil polarizado, é preciso deixar nítidos que polos são esses. De um lado, a defesa da verdade e da democracia, de outro, a violência e a barbárie. Isso se mostra no que disse Jair Bolsonaro em sua live semanal transmitida na quinta-feira (7): “Não preciso dizer o que estou pensando, mas você sabe o que está em jogo. Você sabe como você deve se preparar, não para o novo Capitólio, ninguém quer invadir nada, mas sabemos o que temos que fazer antes das eleições“.
Dois dias depois, o policial penal bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho matou a tiros o guarda municipal Marcelo Aloizio Arruda na noite de sábado (9), em Foz do Iguaçu (PR). Da dor de uma mãe, vem a única explicação possível para tamanha dor: “O que aconteceu tem a ver com extremismo e intolerância política. Eles não se conheciam, e nada mais explica essa tragédia”, lamentou a mãe do autor dos disparos ao UOL.
Não é preciso ir muito longe para encontrar na escalada de violência ecos do discurso de ódio propagado por Bolsonaro em toda a sua vida política. A polarização que está colocada é entre a democracia do Lula e o fascismo do Bolsonaro. Não temos, hoje, uma disputa saudável de ideias entre dois projetos de país, entre lados que debatem de forma democrática soluções e caminhos para um Brasil soberano, democrático e próspero. Antes, há um lado que baba ódio e intolerância. E outro, que quer reconstruir o Brasil e é alvo de violências diárias.
Nós não queremos induzir as pessoas a serem de uma só religião, as pessoas a torcerem para um único time, as pessoas gostarem de um único tipo de música. Não. Nós queremos que a humanidade seja mega diversa, que ela seja plural, e que a gente respeite o direito de cada um ser como ele é, desde que ele não interfira no direito do outro.
Lula em entrevista à Rádio Brasil de Campinas
O Brasil vive, nos últimos anos, uma escalada de ódio bolsonarista e reiteradas manifestações de violência que seguem praticamente impunes. Talvez o mais simbólico desses casos seja a execução a tiros da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes. Entram nessa terrível lista, ainda, o assassinato por bolsonaristas do mestre capoeirista Moa do Katendê, na Bahia, e do idoso Antônio Carlos Furtado, em Santa Catarina.
Nos últimos meses, extremistas de direita usaram um drone para lançar veneno agrícola sobre o público de um ato político do ex-presidente Lula, em Uberlândia, e lançaram uma bomba contra o público em outro ato no Rio de Janeiro. Também foram alvos de violência o juiz federal que havia determinado a prisão de um ex-ministro do governo Bolsonaro e a redação do jornal Folha de S.Paulo, alvejada por um tiro.
Dizem que as palavras têm poder, e como o têm. “Vamos fuzilar a petralhada”, disse Bolsonaro em um evento de campanha em setembro de 2018.
“A violência política é inimiga da democracia, dos direitos humanos, da liberdade de expressão e de organização. No Brasil, os incentivadores e agentes do ódio são conhecidos e respondem a um chefe que tem nome e sobrenome: Jair Messias Bolsonaro. É diante de sua escalada autoritária e violenta que a sociedade brasileira e as instituições devem se manifestar com toda firmeza, em defesa do Brasil e da democracia”, demanda o Movimento Vamos Junt❤️s pelo Brasil.
Gabinete do ódio estimula ataques e intolerância
Jair não é o único a fomentar a intolerância, mas é o presidente que facilitou acesso a revólveres, ataca os demais Poderes e estimula seus seguidores a agirem com truculência. Ódio e violência são disseminados com método nas redes sociais, em escala industrial, por agentes do governo de extrema-direita, seus líderes, ideólogos e propagandistas, pelo núcleo familiar do próprio chefe do governo.
Há meses, o Verdade na Rede denunciava como mentiras e fake news sobre hostilidades a Lula e seus apoiadores passaram a ser periodicamente recicladas e divulgadas pelo gabinete do ódio. Valendo-se de fatos que nunca sequer aconteceram ou recuperando cenas imperdoáveis de violência das caravanas Lula pelo Brasil nos estados da região Sul, compreendidas pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) como “crimes de ódio”. O objetivo é claro: gerar um cenário de estímulo para que pessoas sintam-se encorajadas em mostrar o lado mais nefasto de sua intolerância política, chegando às vias de fato.
E óbvio que, na política, embates ideológicos e discordâncias são naturais, saudáveis e esperadas. Mas não é aceitável jamais que o que deveria ser diálogo descambe para a barbárie. Está muito claro o que o Brasil não quer mais: desemprego, inflação, fome, miséria e descaso com a vida. E essa a conversa que se quer ter: quais são os projetos, planos e ideias dos pré-candidatos à Presidência para sanar esses problemas?
O que está em jogo é muito mais do que uma corrida eleitoral. É sobre como pensamos e o que queremos para a nossa democracia.
Eu espero que a campanha de 2022 dê um show de civilidade. Da minha parte, não terá jogo rasteiro, nem irei desrespeitar o povo. Eu espero que o resultado da campanha seja o aumento da consciência política da sociedade.
Lula em entrevista à Rádio Super Notícia, de Belo Horizonte