“A luta dos trabalhadores é a mesma no mundo inteiro”, escreve Lula ao Labour Party contra avanço da extrema-direita

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma carta à conferência do Partido Trabalhista do Reino Unido. O texto foi lido durante o encontro da juventude do partido, a qual Lula foi nomeado presidente de honra, e faz um alerta contra o avanço da extrema direita no mundo. Leia a íntegra:

“Aos 73 anos de vida, 50 dos quais dedicados à luta contra as desigualdades, sinto-me ainda mais jovem com minha nomeação para a presidência de honra da Young Labour. Essa homenagem prova, antes de tudo, que só é velho quem abandona seus sonhos de juventude, e eu jamais abandonarei os meus. E prova também que as injustiças estão em qualquer parte, e que a luta dos trabalhadores é a mesma no mundo inteiro.

“Austeridade” é a palavra mágica e maldita que os ricos de qualquer lugar do planeta usam para roubar direitos e conquistas da classe trabalhadora. “Precisamos economizar, cortar gastos”, eles dizem, enquanto desmontam o Estado e ficam cada vez mais ricos, e os pobres cada vez mais pobres. É assim no Reino Unido, é assim novamente no Brasil desde o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff e a posterior eleição de um governo de extrema-direita.

Fui líder sindical, ajudei a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT), tive a honra de ser eleito e reeleito presidente do meu país. Nunca antes um operário havia chegado à Presidência do Brasil. Por isso eu precisava provar que a classe trabalhadora é capaz de governar, e precisava provar também que governar para todos, mas cuidando com mais carinho dos mais necessitados, será sempre o melhor caminho para a construção de um país mais desenvolvido e mais justo.

Foi assim que geramos, meu governo e o da presidenta Dilma Rousseff, mais de 21 milhões de empregos. Garantimos o aumento real de 70% do salário mínimo. Criamos mais universidades públicas que qualquer governo antes de nós. Dobramos o número de jovens no ensino superior. Construímos moradias populares para cerca de 3 milhões de famílias. Retiramos 30 milhões de pessoas da extrema pobreza. Impedimos a devastação da Amazônia. Tiramos pela primeira vez o Brasil do Mapa Mundial da Fome.

Foi por isso que a presidenta Dilma Rousseff sofreu o golpe de 2016, e é por isso que estou preso há mais de 500 dias, sem nenhuma prova de qualquer crime cometido. A elite que havia governado o Brasil ao longo de cinco séculos fez de mim um preso político, e me impediu de disputar as eleições de 2018, contrariando a Constituição Brasileira e desrespeitando resolução do Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas.

As consequências da ascensão da extrema-direita no Brasil são sentidas na carne pelo nosso povo, e também traduzidas para o mundo inteiro através das imagens da Amazônia em chamas e de helicópteros da Polícia atirando contra as comunidades mais pobres no Rio de Janeiro.

Tudo isso me causa imensa dor, mas não me faz desistir. Um dia a justiça será restabelecida, e sairei da prisão ainda mais disposto a lutar pelo sonho de todos nós, jovens de todas as idades: a construção de um mundo melhor.

Muito obrigado, e até breve.

Luiz Inácio Lula da Silva
(presidente de honra da Young Labour)”