Durante os governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT, a preservação do meio ambiente era pauta central: diminuição do desmatamento da Amazônia em 82% em 10 anos, liderança na questão climática e na Cop-15, promoção dos direitos dos povos do campo e da floresta. Já Bolsonaro revela, a cada dia, que sua política ambiental é a devastação. Aumento do desmatamento na Amazônia, diminuição vertiginosa da aplicação de multas ambientais, proliferação de incêndios em todos os biomas, extração ilegal de madeira encoberta pelo Ministério do Meio Ambiente, ataques aos direitos dos povos indígenas: provas de que a política de “passar a boiada”, expressa pelo ex-ministro e atual investigado Ricardo Salles, tem sido especialmente prolífica nesta área.
Assim como em todas as áreas de seu governo, a necropolítica de Bolsonaro tem efeitos desastrosos para o Brasil, inclusive no cenário internacional. Somente no último ano, a Amazônia Legal brasileira registrou 8.381 km² de desmatamento, de acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Esse número é 51% maior do que o registrado no mesmo período do ano anterior e a maior destruição da floresta em 10 anos.
Somados às declarações do presidente e às constantes perseguições do governo aos órgãos de fiscalização, sobretudo ambientais, como o Ibama, esses dados têm repercussões sérias fora do Brasil.
Nos últimos dois anos, temos lidado com ameaças constantes de boicotes comerciais, principalmente vindas de países da Europa por causa do posicionamento brasileiro com relação ao clima. Neste momento, para além da pandemia, a Europa vive uma emergência climática devida a fortes chuvas decorrentes do aquecimento global. Os líderes europeus pressionam os demais para que as metas de redução de emissão de carbono atinjam maiores patamares em menor tempo. As exportações de aço e ferro podem ser as mais afetadas por aqui com essa medida.
Mas, por aqui, as coisas caminham justamente na direção contrária do que pretendem os líderes europeus. As políticas de preservação consolidadas ao longo de décadas estão sob forte ameaça do governo bolsonarista.Na Amazônia, enquanto o desmatamento aumentou, as multas aplicadas por crimes ambientais diminuíram 93% nos dois primeiros anos de governo Bolsonaro, na comparação com os quatro anos anteriores, de acordo com levantamento do Centro de Sensoriamento Remoto e do Laboratório de Gestão de Serviços Ambientais da Universidade Federal de Minas Gerais divulgado na segunda-feira (19). Os pesquisadores dizem que mudanças em regras internas do Ministério do Meio Ambiente e na legislação entre 2019 e 2020 dificultaram a ação de campo dos fiscais e o andamento interno de processos ligados à apuração de infrações ambientais, como desmate e extração de madeira irregular.
A coisa está tão feia que, no ano passado, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento chegou a usar dados dos governos petistas para acalmar os ânimos do governo francês.”De 2004 a 2012, o desmatamento da região chamada de Amazônia Legal caiu 83%, enquanto que a produção agrícola subiu 61%. Nesse mesmo período, o rebanho bovino cresceu em mais de 8 milhões de cabeças, chegando a 212 milhões em 2012. Esses dados inserem-se em tendência histórica de intensificação da agropecuária brasileira e dos decorrentes ganhos de produtividade, em sintonia com a preservação ambiental”, diz a nota, citando o período que inclui as gestões dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Em entrevistas para veículos da Rede Brasil de Comunicação (EBC), nesta segunda-feira (19), presidente Jair Bolsonaro fez um bom panorama do que se trata sua política de devastação do meio ambiente. Em poucos minutos, Bolsonaro falou em aumento do armamento para proteção de terras, liberação de garimpo e “produção” em terras indígenas o que, na prática é uma expansão do agronegócio para as terras indígenas. Ele falou também do desejo de possibilitar o plantio de cana-de-açúcar na Amazônia e de flexibilizar decretos ambientar para exploração turística de áreas de proteção ambiental. Enquanto isso, a Polícia Federal vê indícios de documentos falsos e lavagem de madeira extraída ilegalmente e exportada para os EUA na gestão de Salles.
Fiel ao seu modo de agir, Bolsonaro dificulta o acesso a informação e números para fingir que o problema não existe em seu governo. Enquanto isso, finge-se de herói ao destruir o que chama de “indústria da multa”. Sua displicência ao tratar de assuntos tão importantes vai custar muito caro ao Brasil.
A política ambiental de Lula e do PT
Durante os governos de Lula e do PT, o Brasil era exemplo da redução do desmatamento. Relatório da Onu de 2014 indicava o Brasil como o país que mais havia reduzido o desmatamento e a emissão de gases que causam o efeito estufa. O desmatamento da Amzônia Legal caiu 82% entre 2004 e 2014.
Na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 15), em 2009, o Brasil apresentou a proposta voluntária mais ousada entre os países.: redução de 36,1% a 38,98% na emissão de gases do efeito estufa (principalmente os advindos do desmatamento da Amazônia) até 2020. Reafirmando sua liderança na questão climática, o Brasil visava induzir os países desenvolvidos não-signatários do protocolo de Kyoto a assumir a meta de 40% de redução da emissão de gás carbônico.
Desenvolvimento com respeito à biodiversidade: essa é a visão de Lula. “Nós temos consciência de que hoje você não pode discutir nenhum modelo de desenvolvimento se você não levar em conta a questão ambiental. E o Brasil tem o privilégio de ter 360 milhões de hectares de floresta tropical de uma Amazônia legal extraordinária. E que você não pode imaginar que você pra ganhar dinheiro ou pra se desenvolver, você tem que desmatar. O que você precisa é utilizar a biodiversidade da Amazônia”. Confira o vídeo:
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