A verdade sobre a gasolina na Inglaterra: salário mínimo inglês compra 4 vezes mais combustível que o brasileiro

Com comparação entre gasolina em Londres e no Brasil, Bolsonaro segue tentando enganar o eleitorado, mas sua política de combustíveis é só pra inglês ver.

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O presidente Jair Bolsonaro, em Londres para o funeral da Rainha Elizabeth II, achando pouco passar vergonha desrespeitando o luto da população inglesa, divulgou vídeo a seus apoiadores no qual compara o preço da gasolina naquele país e no Brasil. Ele celebra o fato de a gasolina inglesa custar mais do que o combustível no Brasil, mas não conta a seus apoiadores que o salário mínimo inglês compra 4 vezes mais gasolina que o brasileiro.

A verdade sobre a gasolina na Inglaterra

Vamos fazer as contas para o bobo da Corte? O salário mínimo na Inglaterra é 9,18 libras/hora. Para uma carga de 44 horas semanais por mês, o trabalhador inglês receberia 1.615,68 libras mensais. Com esse salário daria para comprar 998 litros de gasolina a 1,61 libras, o preço apontado pelo presidente do litro do combustível por lá.

No Brasil, o salário mínimo, que não recebe aumento acima da inflação desde que Bolsonaro se tornou presidente, é hoje 1.212 reais. Com a gasolina a R$ 5,22, o brasileiro consegue comprar 232 litros: 766 litros a menos que o salário mínimo inglês.

A verdade sobre a gasolina na Inglaterra é uma só: o poder de compra do salário mínimo inglês, em relação ao combustível, é 330% maior do que o brasileiro.

Segundo cálculo do jornal Correio Braziliense, no país britânico os moradores gastam menos de 6% do salário para encher o tanque, enquanto no Brasil o gasto é de 22%.

Bolsonaro se gaba da medida meramente eleitoreira que reduziu o preço da gasolina, mas a verdade é que o trabalhador brasileiro pagou caro durante todo esse tempo porque o presidente quis. Ele poderia ter reduzido o preço da gasolina lá atrás, quando o litro batia os R$ 8, mas não o fez.

Mesmo com a redução, o preço praticado por Bolsonaro fica acima do PPI (Preço de Paridade de Importação), política que inclui a dolarização dos combustíveis e insere na gasolina paga pelo brasileiro custos que o consumidor não deveria pagar, como frete de navio, imposto de importação, pois o país é produtor de petróleo.

Lula, no entanto, afirmou que, se voltar a comandar o governo, uma de suas prioridades vai ser mudar a atual política de preços da Petrobras, recuperar a autossuficiência do Brasil em petróleo e derivados e transformar a empresa em um dos motores do desenvolvimento nacional.

Além disso, o pacote de bondades do presidente alcançou muito pouco o preço do diesel, que resultaria na queda do preço dos alimentos, impactando a vida de todos os brasileiros e não apenas dos que têm carro. 

Bolsonaro segue tentando enganar o eleitorado com rolezinho pelo exterior, mas aqui no Brasil, sua política de combustíveis é só pra inglês ver.