Começou
nesta quarta-feira (18), em Abidjan, capital da Costa do Marfim, a “Conferência
Internacional sobre a Emergência da África”. Aberta pelo presidente do país,
Alassane Ouattara, a Conferência é uma iniciativa do Ministério do Planejamento
e do Desenvolvimento da Costa do Marfim, do PNUD, da União Africana e do Banco Mundial.
O evento
pretende discutir os desafios do continente, que quer ser visto como
“emergente”. Foi assim que se manifestou o presidente do Senegal, Macky Sall,
ao fazer sua exposição. Ele disse que, depois de mais de 10 anos de crescimento
interrupto, o continente não que ser mais avaliado como uma promessa para o
futuro, mas sim como “um parceiro para o presente”.
Foi este o
tom de quase todos os oradores que participaram das plenárias e dos grupos de
trabalho do primeiro dia da Conferência. Presentes na plenária, mais de mil
pessoas, entre ministros, autoridades de organismos multilaterais, técnicos e
representantes de movimentos sociais de mais de 40 países.
Além dos
presidentes da Costa do Marfim e do Senegal, falaram no primeiro dia o
ex-presidente da África do Sul, Thabo
Mbeki; o vice-presidente do Banco Mundial, Makthar Diop; a administradora geral
do PNUD, Helen Clark; o vice-ministro de Negócios Estrangeiros da China, Zhang
Ming; o vice-presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Steve
Kaylzzi-Mugerwa e dirigentes da União Africana, da OCDE e ministros de diversos
países africanos.
Nas
plenárias, os desafios para erradicar a pobreza do continente tomaram conta de
boa parte dos debates. Nas palavras da principal dirigente do PNUD, Helen
Clark, “está claro que o crescimento por si só não basta, é preciso reduzir a
desigualdade”, ao lembrar que dos dez países que mais crescem no mundo, sete
são africanos, entre eles a Costa do Marfim e o Senegal.
O anfitrião
do evento, o presidente marfinense Ouattara fez um discurso bastante otimista e
salientou que um país só pode se tornar emergente “se houver planejamento, se
houver paz, democracia, coesão social e diálogo. O futuro se planeja”, ele
disse.
Em perfeita
sintonia com o presidente do Senegal, Ouattara destacou sua forte relação com
Macky Sall e lembrou que ambos estavam bastante engajados na luta pelo crescimento
inclusivo e no enfrentamento das desigualdades sociais.
Tema também
muito debatido neste dia foi a segurança e o avanço do terrorismo islâmico. Era
unânime a ideia que a paz é fundamento indispensável para o desenvolvimento. O
representante da União Africana em um dos grupos de trabalho, Abdel Nassir
Ethmane, foi um dos mais enfáticos ao afirmar: “não dá para ser emergente se
não houver segurança” e ao chamar atenção de todos os presentes ao dizer: “o
terror cresce na surdina em todos os países africanos e é questão de tempo para
que ele se manifeste e surpreenda muitos governantes”. Paradoxalmente, chegava
na mesma tarde a notícia do terrível atentado que matou 17 turistas na Tunísia,
neste dia 18.
A
Conferência prosseguirá até o dia 20 e pode ser acompanhada pelo site oficial
do evento: http://www.africa-emergence.com/index2.php
A
programação completa está em http://www.africa-emergence.com/fichier/doc/agendafr17mars.pdf
O Instituto
Lula está representado no evento por seu diretor para a África, Celso
Marcondes. Ele falará na manhã desta quinta-feira (19) na plenária sobre a
“Experiência do Brasil em matéria de transformação estrutural”.
Na plenária
da tarde, o Brasil estará representado por Sergei Soares, presidente do IPEA,
que falara sobre “O sucesso do Brasil no desenvolvimento humano”.