Faz parte do golpismo de Bolsonaro questionar institutos de pesquisas sérios, com histórico de atuação e cadastrados no TSE (o que é obrigatório), e divulgar resultados encomendados por seus aliados a institutos picaretas. Já mostramos que essa é uma prática comum do bolsonarismo e reforçamos os desmentidos. Mas o golpismo alcançou um patamar ainda mais grave na quinta-feira (22), quando o presidente da Câmara Arthur Lira, aliado de Bolsonaro, foi ao Twitter colocar em dúvida a competência dos institutos.
Ele se referiu à divergência dos resultados obtidos na pesquisa Brasmarket divulgada na sexta-feira (23), que aponta exatamente o oposto do que Ipec, Datafolha, Quaest e BTG já divulgaram até aqui. Ou seja, Bolsonaro à frente, com 44%, e Lula com 31%. Já a pesquisa do Datafolha da quinta-feira (22) apontou Lula com 47% e Bolsonaro 33%, repetindo tendências apontadas anteriormente.
O que se vê com o post de Lira é uma tentativa de criar falsa polêmica, ameaçando institutos sérios de pesquisa que se utilizam da Estatística para realizar suas análises. Lira disse que “Urge estabelecer medidas legais que punam os institutos que erram demasiado ou intencionalmente para prejudicar qualquer candidatura”. O deputado foi bastante criticado por não ter nenhuma prova para o que disse, além flertar com o golpismo e tentar confundir o eleitor.
Saiba identificar um instituto de pesquisa confiável
Os institutos de pesquisa sérios estão cadastrados no TSE e foram aprovados para exercer tal atividade. Cada pesquisa que realizam também precisa estar cadastrada individualmente no órgão, antes de sua realização. Assim, as pesquisas são protocoladas com um número que é divulgado junto aos resultados obtidos.
A confiabilidade de uma pesquisa está, também, na metodologia utilizada pelas empresas. Elas realizam, por exemplo, pesquisas presenciais ou por telefone e esclarecem quais métodos estatísticos utilizaram para compilar os resultados. Além disso, é importante saber do histórico de cada instituto. São mais confiáveis aqueles que atuam no mercado há mais tempo, como Ipec, Ipesp, Quaest, FSB, Ideia e Real Time Big Data.
Dentre os institutos considerados não confiáveis estão Atlas, Sensus, Futura Inteligência e Paraná Pesquisas. Esta última recebeu R$ 2,7 milhões da campanha de Bolsonaro para realizar pesquisas contratadas de forma privada. Enquetes em sites e redes sociais não são válidos para medir intenção de voto, pois não são realizadas de acordo com uma amostragem, mas apenas direcionadas pelo algoritmo para suas próprias bolhas, podendo ser facilmente manipuladas.
O selo de verificação de confiabilidade criado pelo UOL não se referiu, em nenhum momento, à Brasmarket. A pesquisa deles foi realizada em todo o território brasileiro, com homens e mulheres de todas as faixas etárias, mas as perguntas foram feitas por telefone. No site da empresa consta que são ou foram clientes o PL, partido de Bolsonaro, e a prefeitura de Maceió, reduto eleitoral de Lira.
Golpismo bolsonarista se amplia às vésperas da eleição
O ministro da Comunicação, Fábio Faria, também falou em tom ameaçador sobre o instituto Ipec — que, por sinal, foi alvo de diversas fake news ao longo desse período eleitoral. Os bolsonaristas contestam as pesquisas de intenção de voto como tática golpista. O intuito deles é incitar a violência, o ódio e distorcer a realidade. Assim, estarão acompanhados para fazer coro sobre o resultado que virá no dia 2 de outubro nas urnas.
Bolsonaro desde sempre contestou a confiabilidade das urnas eletrônicas, disseminou inúmeras fake news, implantou a desconfiança infundada na cabeça de seus eleitores e quer se manter no poder da mesma forma como chegou a ele: mentindo. Ao ser endossado por figuras da importância política do presidente da Câmara Federal, o golpismo alcança um novo patamar no Brasil.
O discurso que estamos vendo sobre os resultados das pesquisas de intenção de votos vindos das principais empresas do ramo é apenas uma maneira desesperada de tentar forjar novos resultados para as eleições e distorcer o fato de que Lula segue em primeiro, com 47% das intenções.
A reta final das eleições é hora de ter foco. Não cair em mentiras e não aderir a golpismos.