O Instituto Lula recebeu na última quinta-feira, 5 de fevereiro, as visitas de Massar Sarr, secretário-geral da “Associação Senegalesa de São Paulo – Brasil”, João Ursulin Pinto, presidente do “Fórum África” e Adama Konate da UMSPB (União Malinesa em São Paulo no Brasil. Eles foram recebidos pelo diretor para a África, Celso Marcondes, e Iacy Correia, de sua equipe de trabalho.
As associações do Senegal e do Mali foram criadas em 2013, com o objetivo de amparar a comunidade e os recém-chegados dos dois países em São Paulo. Elas auxiliam no processo de regularização da permanência e na busca de moradia e emprego para aqueles que escolheram o Brasil como destino. Ao mesmo tempo, atuam em ações voltadas para o resgate da história africana.
O Fórum África, também presente à visita, é uma entidade que visa a integração cultural e social de todos os africanos, brasileiros e demais interessados em promover encontros, movimentos de solidariedade e a difusão de informações sobre o continente africano no nosso país.
O Brasil é hoje um dos principais destinos de imigrantes em todo o mundo. Segundo o “Comitê Nacional para os Refugiados”, o Conare, até outubro de 2014, aproximadamente 7.289 refugiados de 81 nacionalidades distintas já haviam sido reconhecidos no país.
A maioria dos requerentes é oriunda de países com instabilidade institucional ou situações de guerra, como é o caso atual da Síria, que tem forte colônia aqui. Contudo, a similaridade cultural, a estabilidade econômica e a consistência da democracia brasileira também são fortes atrativos para os imigrantes africanos.
Além daqueles já em situação legal no Brasil outros 8.687 requerimentos estão ainda em tramitação hoje no Conare, destes 2.164 são do Senegal, país que está no primeiro lugar da lista de pedidos.
Segundo o presidente do Fórum África, João Ursulin Pinto, esse processo de imigração é reflexo da alta taxa de desemprego no Senegal. Ele assinalou também que as jornadas imigratórias são muitas vezes organizadas pelos chamados “coiotes”, através de rotas ilegais e perigosas, passando pelo Peru e pelo Acre. São as mesmas portas de entrada usadas hoje também pelos haitianos, que nem sempre encontram uma acolhida apropriada em solo brasileiro.
Para o secretário-geral da Associação Senegalesa é perceptível uma melhora na qualidade de vida dos refugiados, entretanto, ele afirma que a burocracia ainda faz com que muitos deles trabalhem de forma irregular. Ao mesmo tempo, ele reclama de atitudes xenófobas de alguns brasileiros diante dos novos residentes do país.
A partir dessa perspectiva, eles organizam uma iniciativa cultural, a “Festa do Senegal”, que reunirá senegaleses e comunidades africanas existentes em São Paulo, com o objetivo de divulgar as associações e melhorar a integração entre brasileiros e africanos.
O evento está previsto para acontecer no próximo dia 4 de abril, data que se comemora a independência do Senegal, conquistada em 1960, e terá a duração de quatro dias. A festa contará com o apoio da Prefeitura de São Paulo e os organizadores convidaram o ex-presidente Lula para estar presente, junto com líderes e centenas de moradores africanos no Brasil.