Ato no Tuca defende liberdade de Lula e direito do Brasil de sonhar

A leitura da carta de Lula deu a senha para o ato no Tuca, na PUC (Pontifícia Universidade Católica) em São Paulo, caminhar para o seu ápice de emoção e envolvimento nos minutos seguintes. O ator Sérgio Mamberti leu a carta enviada por Lula para os participantes do encontro no teatro da universidade, afirmando que “minha alegria é saber que meu coração está presente esta noite no Tuca, batendo dentro do peito de vocês”.

Coube a Manuela D’Ávila trazer o coração, a emoção e o envolvimento para batidas ainda mais altas na sequência do ato “Universidades, Ciência e Tecnologia com estudantes e intelectuais”. Recordando-se de muitos momentos especiais de luta pela transformação do Brasil vivenciado ao lado das pessoas ali presentes, ela destacou que tais momentos se destinaram a construir um país “que não seja apenas sonho, mas realidade para todos”.

 

Manuela, deputada estadual pelo PCdoB gaúcho, afirmou que a cerimônia da noite desta segunda-feira (10/09) era um “ato muito especial, em que estamos privados do maior presidente da nossa história, mas que é, ao mesmo tempo, um ato sobretudo de liberdade, de felicidade”. Manuela destacou que, em pouco mais de vinte dias, o país decidirá seus rumos. “E temos o direito de construir esse caminho soberano, temos o direito à liberdade de o Brasil construir o seu futuro de forma soberana e feliz”.

Para a deputada do PCdoB, o Brasil tem que ser livre para garantir emprego, crédito, consumo ao alcance de todas as famílias. E contou que, na ida à região paulista do ABC, na primeira semana de setembro, os trabalhadores das fábricas visitadas pela campanha falaram muito do impacto da terceirização na vida das pessoas da região. “Felicidade é ter emprego para chegar em casa e conseguir alimentar seus filhos. Isso para mulheres e homens. Negros e negras. Para as pessoas que se identificam como LGBTI+”.

Manuela D´Ávila no ato na PUC-SP (Fotos: Cláudio Kbene)

Manuela destacou, em seguida, que defendemos que as pessoas são iguais e possuem os mesmos direitos. Mas que sabemos que “não é igual ser uma mulher negra no Brasil, ou ser uma mulher branca. Que não é igual ser homem ou mulher no Brasil. Ser branco ou negro”. E lembrou que os governos de Lula incididiram sobre essas questões, por exemplo, ao colocar as mulheres no centro de políticas como o Minha Casa Minha Vida e o Bolsa família.

Espaço sagrado
Para ela, Fernando Haddad, quando ministro da Educação, “conseguiu tocar nesse espaço sagrado da elite brasileira que é o ensino superior” e que essa foi “uma das maiores, talvez a maior transformação que fizemos: tocar nesse lugar sagrado que durante cinco séculos a elite brasileira cultivou só para ela, como templo do conhecimento para si”.

Manuela concluiu sua fala defendendo que “a liberdade de Lula é também a liberdade do Brasil enquanto nação. É a liberdade de todos os homens e mulheres em relação àquilo que desejamos para o Brasil”. A deputada reafirmou a todos e todas os presentes que tomaram o Tuca que “somos aqueles que entendemos exatamente aquilo que Lula quis nos dizer: que todos nós somos Lula. Que todos somos suas pernas, seus braços e sua voz. Porque somos esse sonho de um Brasil feliz”.Manu ressaltou que a campanha será muito curta, e que, nas próximas três semanas, teremos de ser esses milhares de Lula nas ruas. “Esse futuro que sonhamos e desejamos passa pelas próximas três semanas”.

Não estamos sós
A professora Ana Estela Haddad, companheira de Fernando Haddad,  trouxe um olhar preciso e cuidadoso sobre a situação atual do país. Ela classificou de “momento realmente muito delicado” o vivido pelo povo brasileiro, no qual “a maior liderança que esse país já teve encontra-se privada dos seus direitos” e que, ao mesmo tempo, “o povo brasileiro se vê privado da sua soberania e do seu direito ao voto nessa liderança”. E isso em um contexto no qual a ONU (Organização das Nações Unidas) se coloca de forma enfática ao lado da necessidade de se assegurar os direitos de Lula.

Ao mesmo tempo, Ana Estela contou que, em 2016, teve “a oportunidade de ir pra rua, de fazer campanha, e era muito difícil, uma situação bem complicada”. E que agora, nas últimas semanas, “teve a oportunidade de fazer a campanha novamente. E o clima é outro. A gente não está sozinho”.

A professora apontou que “Lula é um mito, uma ideia, nossa maior liderança”, uma grande referência. Além de explicar que seu companheiro havia ficado em Curitiba a pedido de Lula, para as decisões e discussões a serem travadas, Ana Estela registrou que, conforme seu companheiro Haddad tem afirmado, seja lá qual for o desfecho, levaremos Lula novamente a subir pela rampa do Palácio do Planalto.

O jurista Celso Antonio Bandeira de Mello contou sentir-se em casa no Tuca. Uma sensação partilhada por muitos ali presentes: “aqui eu me sinto bem. Todos queremos Lula livre e Lula presidente. Todo mundo sabe que, se Lula for candidato, será eleito. Ele simboliza algo fantástico: simboliza nossa esperança, simboliza nosso sonho de um país melhor”.

História e homenagens
O clima do ato no Tuca fez jus à arena da PUC, que a cada eleição e momento importante do país reafirma sua relevância na história brasileira. Essa noite não foi diferente, com “Gegê, guerreiro/do povo brasileiro”, sendo homenageado, representando os bravos lutadores e lutadoras que realizaram a greve de fome recentemente em solidariedade a Lula.

Ana Bock, professora de psicologia da PUC-SP e candidata a vice na chapa de Luiz Marinho ao governo de São Paulo, destacou a história do Tuca enquanto símbolo de luta e resistência. E o próprio Luiz Marinho afirmou o papel de militante histórica do Partido dos Trabalhadores e Trabalhadoras desempenhado por Ana Bock: “É uma referência da nossa luta e resistência”.

Marinho também explicou que uma cadeira seria deixada vazia no ato, em alusão a Luiz Inácio Lula da Silva. Mas que, melhor do que isso, iria convidar o neto de Lula, Thiago, para ocupar a cadeira. Foi quando o grito de “Lula Livre” explodiu mais forte pela primeira vez no Tuca, acompanhado pelo trompete de Fabiano Leitão e por seguidos Lulaços.

Nas paredes do Tuca, os cartazes denunciavam: “Eleição sem Lula é fraude”. Camisetas ressaltavam que “ninguém cassa a vontade do Povo – Somos milhões de Lulas”. As críticas à imprensa, sobretudo ao papel da rede Globo, também deram o tom do ato, em um teatro lotado, tomado por militantes do PT, do PCdoB, PROS, da juventude, de universitários, dos movimentos negro, LGBTI+, Sem-Terra, entre tantos outros.

Luiz Dulci, vice-presidente do PT, falou em nome do partido. Para ele, as eleições de 2018 decidirão, entre muitas questões, “quais os valores que irão predominar no Brasil daqui pra frente”. Dulci destacou que os presentes ao ato dessa noite defendem a “liberdade de reflexão, cultural, intelectual, artística” e que “não há democracia sem liberdade científica, sem liberdade de pesquisa”. Além de homenagear os mestres Antonio Candido, Marco Aurélio Garcia e Paul Singer, que recentemente nos deixaram, Dulci afirmou que “não vamos permitir que as universidades sejam invadidas. Nem que reitores sejam levados ao suicídio”.

Aloisio Mercadante, que foi titular de diversos ministérios de Lula e Dilma, fez questão de ressaltar os grandes feitos promovidos por ambos na área da Educação, muitos deles tendo Haddad à frente. Mercadante também lembrou que um dos candidatos à presidência da República disse que vai ganhar a eleição e entrar com lança-chamas no MEC para jogar fogo nas obras do Paulo Freire. “Acontece que não vão ganhar a eleição. E as obras do Paulo Freire continuarão a ser referência”, defendeu Mercadante, afirmando que “educação é um bem público e um direito de todos. Desde a creche até a pós-graduação”. Mercadante concluiu dizendo que as cotas vieram pra ficar e que os opositores não conseguirão acabar com elas.

As falas centrais do ato foram intercaladas com intervenções de estudantes, jovens, artistas e representantes de movimentos sociais que lembraram que somos o Brasil do FIES, do Prouni, das cotas, da expansão das universidades e Institutos Federais, do Ciência Sem Fronteiras, da ciência democrática e comprometida com o combate à desigualdade, do conhecimento a serviço de um Brasil solidário e soberano. O Brasil que irá trabalhar pela revogação da emenda constitucional que congela os gastos públicos do país pelos próximos vinte anos.

Nessas intervenções, foi destacado que essa é a eleição mais importante para a geração que hoje tem cerca de 20 anos e que se acostumou com a ideia de democracia. Afirmou-se, também, a importância de se garantir que essa geração tenha o direito à esperança, ao sonho de um país justo, próspero e de paz. Um Brasil que só vai ser feliz de fato quando “tirarem Lula das masmorras de Curitiba”.

Jilmar Tatto, um dos candidatos do PT-SP ao Senado, destacou a rejeição que João Doria tem hoje na periferia de São Paulo. E que o povo que vive nessas regiões “está muito triste, mas muito esperançoso”.

Eduardo Suplicy, por sua vez, falou da importância da renda básica de cidadania para derrubar os muros e incluir as comunidades como a de Paraisópolis. O candidato ao Senado pelo PT-SP destacou o histórico de parceria construído ao lado de Haddad, Ana Estela, Manuela, Jilmar, Marinho e tantos outros presentes. E falou sobre seus primeiros mandatos como senador.

Luiz Marinho questionou as decisões do Judiciário contra Lula e defendeu que o STF (Supremo Tribunal Federal) precisa se posicionar em relação à situação de Lula e ao mais recente posicionamento da ONU sobre o caso. Falou das dificuldades e da estagnação vivenciadas pela população e pela economia paulistas. “Queremos governar São Paulo essencialmente para gerar empregos”. Marinho também afirmou que seu governo tratará de “combater o crime. E não de criminalizar a juventude”. E que, nesse sentido, irá investir em Esporte, Educação e Cultura, além de criar um banco de fomento ao desenvolvimento do estado.

 

Confira outras fotos do ato

 

 

 

 

 

 

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