Atual ataque a empresas nacionais desconstrói projeto de nação 

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Raymundo Oliveira, ex-presidente do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, defendeu a punição dura a corruptos aliada ao respeito ao patrimônio e a tecnologia das empresas nacionais durante sua fala no seminário “O que a Lava Jato tem feito pelo Brasil”, em São Paulo.

“Em se comprovando as irregularidades, multem-se as empresas, prendam os envolvidos, mas não destruam as empresas. Até porque não podemos ter a ingenuidade de achar que as empresas estrangeiras são as honestas”.

Raymundo falou sobre diferentes ataques a empresas e setores estratégicos da economia: a Petrobras e o Pré-Sal, o setor nuclear, a indústria de carnes, o BNDES e até mesmo a participação do Brasil nos Brics.

A título de comparação, Raymundo contou o que aconteceu na Alemanha, quando descobriu-se que a VolksWagen teria fraudado dados de poluição de seus carros. Tudo foi investigado, alguns diretores caíram, a empresa pagou uma multa enorme, mas não deixou de produzir um só carro, não demitiu um só operário. “Ora, a Alemanha não está pra brincadeira”.

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Situação semelhante acontece com o Pré-Sal, que está substituindo a participação brasileira por conteúdo estrangeiro. “Décadas atras, Noruega e Nigéria descobriram grandes campos de petróleo. A Noruega exigiu conteúdo nacional. A Nigéria vendeu os campos. Olha a diferença hoje em dia.”

“Exigimos o componente nacional, retomamos a indústria naval brasileira. Fizemos plataformas aqui. É mais caro que Cingapura? Pode até ser, mas quando você não usa componente nacional, tem um custo embutido que muita gente não vê: você não cria emprego, aumenta a miséria, aumenta a violência”.

Pouca atenção é dada às conquistas tecnológicas brasileiras, mas tanto no Pré-Sal como na indústria da carne ou até mesmo no enriquecimento de urânio, o Brasil mostrou ter condições de ser um sério concorrente internacional. O BNDES teve um papel importantíssimo nisso, e Raymundo prevê que em breve o banco de desenvolvimento será vítima de uma campanha de destruição, assim como a participação brasileira nos BRICS. “A previsão era que em 2020, o PIB dos BRICS fosse maior do que o do G-7”. No cenário atual, essa é mais uma previsão que não deve se realizar.