Categorias: Inclusão Social

Avanços conquistados no Brasil são inegáveis, mas há muitos desafios pela frente

Os avanços conquistados pelo Brasil nos últimos 15 anos são inegáveis, isso sob qualquer ótica que se aplique. No entanto, ainda estamos longe de ser o país forte que desejamos. É necessário fazer muito mais, e encarar desafios que envolvem prosseguir com a diminuição das desigualdades, aumento da escolaridade e da produtividade, principalmente dos jovens.

O Instituto Lula, em parceria com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Fundação Friedrich Ebert (FES), organizou nesta quinta-feira (26), em São Paulo, a palestra “Desafios ao crescimento brasileiro”, com o professor Ricardo Paes de Barros e com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na exposição de 40 minutos, Ricardo Paes de Barros apresentou gráficos de análises detalhadas dos números sócio-econômicos brasileiros e, a partir desses números, comentou os desafios e oportunidades que o país tem pela frente.A apresentação começou com um tema-chave: a enorme evolução do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no Brasil. Em 2000, o país tinha 50% de seus municípios com IDH baixíssimo, típico de países da África Central. Apenas uma década depois, esses municípios não chegam a 1% do total de cidades brasileiras. 

Relacionada a esta melhora no IDH está a queda na desigualdade, e uma queda que vem graças à melhoria das condições dos mais pobres. No Brasil, desde a virada do milênio, a renda dos 10% mais pobres vem crescendo, a cada ano, a uma velocidade quase quatro vezes maior que a dos 10% mais ricos. Ou seja, a renda dos pobres brasileiros cresce a taxas chinesas. Por outro lado, em mais da metade dos países do mundo a renda cresce mais rápido que a dos ricos brasileiros. De qualquer maneira, como destaca o professor, “manter um país funcionando durante 15 anos com o pobre crescendo quatro vezes mais rápido que os ricos não é tarefa trivial”.

Uma importante conquista brasileira foi conseguir que o crescimento dos mais pobres fosse fruto da inclusão produtiva, e não apenas das políticas de redistribuição de renda, como o Bolsa Família. Em uma década, a taxa de desemprego foi reduzida em 9 pontos percentuais, enquanto a remuneração real dos trabalhadores crescia mais de 40%. Os números apresentados mostram que entre os 50% mais pobres, exceto o extremo dos 10% mais pobres, mais da metade do crescimento na renda per capita se deve a aumentos na renda do trabalho.

Segundo o professor, “o Brasil era um país que só olhava pra 10% de sua população. O que aconteceu durante esses 15 anos, foi que pegamos os vagões [as outras faixas de renda da população] e colocamos um a um nos mesmos trilhos em que corriam os 10% mais ricos”.

Mas ainda há muito a ser feito. As conquistas até agora são suficientes para o problema da desigualdade. Mesmo depois de todas essas mudanças, no Brasil, os 50% mais pobres detém apenas 17% da renda nacional. Além disso, este é um momento crítico para preparar a juventude brasileira para uma real inclusão produtiva via uma educação de qualidade. O país tem a maior juventude de todos os tempos. São mais de 50 milhões por duas décadas. Isso significa uma oportunidade histórica que nunca se repetirá, pois a população ativa será muito maior do que a de crianças e idosos. Esse era o momento de preparar essa juventude para produzir com eficiência, mas o Brasil ainda falha em oferecer educação de qualidade a esses jovens, embora tenha conseguido incluir boa parte da população no sistema educacional. 

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