Bolsonaristas acumulam milhões de interações no Facebook com mentiras sobre Covid

Mentiras aos milhões no Facebook: Bolsonaro e seus apoiadores disseminaram fake news sobre remédios sem eficácia, STF, cientistas e governadores que provocaram 1,2 milhões de interações na rede social. Os números, analisados pelo Radar Aos fatos, referem-se apenas a postagens relacionadas à CPI da Covid, concluída recentemente pelo Senado Federal. A rede de mentiras de Bolsonaro segue trabalhando a todo vapor para desinformar a população sobre a Covid e sobre a vacinação, propagando mentiras que matam.

Informações falsas e distorcidas contribuíram para aumentar o engajamento de usuários do Facebook com publicações de bolsonaristas associadas à CPI da Covid desde que a comissão foi instalada, no fim de abril. Dos 200 posts mais populares, 16 contêm desinformação e foram feitos por Bolsonaro e seus apoiadores. Essa parcela, sozinha, é responsável por 1,2 milhão (11%) das 11,3 milhões de interações contabilizadas no total de postagens.

O estudo foi feito por meio da API do CrowdTangle, uma ferramenta de monitoramento de redes sociais. A análise considerou o período entre 27 de abril e o último dia 20 de outubro, quando o senador Renan Calheiros apresentou seu relatório ao colegiado.

As publicações tinham assuntos em comum como a defesa do chamado “tratamento precoce”, comprovadamente ineficaz contra a covid; ou tentativas de desacreditar senadores de oposição que integravam a CPI e fazem oposição a Bolsonaro. Dos 16 posts, 13 foram feitos por políticos da base do presidente (incluindo lives do próprio Bolsonaro) e três por sites bolsonaristas.

A defesa de medicamentos como a cloroquina e a ivermectina no tratamento contra a covid-19 aparece em 13 das 16 postagens, com 993 mil interações. A defesa desse tratamento foi uma grande bandeira do presidente e uma das trincheiras da base bolsonarista na Comissão.

O mapeamento também detectou postagens que continham alegações enganosas sobre o Supremo Tribunal Federal, governadores e cientistas. Os conteúdos somaram 252 mil interações (20% da parcela de postagens desinformativas da amostra).

A principal das publicações foi uma live de Jair Bolsonaro questionando quais fatos seriam investigados pela comissão, já que a hidroxicloroquina era recomendada por governadores como Renan Filho (MDB), de Alagoas, e Helder Barbalho (MDB), do Pará, filhos de membros da CPI: os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Jader Barbalho (MDB-PA), respectivamente. Os registros tinham sido gravados no início da pandemia. Reportagens anteriores do Radar também já haviam mapeado o alcance da desinformação em torno da CPI. Um levantamento de julho mostrou que conteúdos enganosos sobre senadores que se declaram independentes ou oposicionistas buscavam associá-los à corrupção. Outra análise, de maio, apontou que argumentos falsos repetidos por governistas alimentavam a defesa de drogas sem eficácia

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