A corrida eleitoral mal começou e o bolsonarismo, lamentavelmente, vem confirmando que está de fato abraçado com a mentira. De todas as formas, usando todos os recursos. Essa semana, chamou a atenção um vídeo manipulado que distorce a apresentação da pesquisa de intenção de voto divulgada no Jornal Nacional na segunda-feira (15), pela apresentadora Renata Vasconcellos. No vídeo correto, que foi ao ar na televisão, Lula aparece em primeiro, com 44% das intenções de voto, e Bolsonaro em segundo, com 32%. A versão falsificada, troca os dois de lugar, alterando o painel que aparecia na TV com as porcentagens e o rosto dos candidatos e alterando, também, a voz de Renata.
A divulgação, pelo gabinete do ódio, de pesquisas confiáveis manipuladas já é um problema. E fica pior: eles também divulgam pesquisas de institutos pouco confiáveis (às vezes até inexistentes) como se fossem legítimas.
Fazem tudo para confundir quem busca informação confiável
Diversos jornalistas e pesquisadores internacionais vêm alertando para os riscos que o uso de montagens pode ter durante corrida eleitoral e, também, dos riscos das deepfakes em si. Você conhece deepfakes? São vídeos produzidos com inteligência artificial em que o rosto e a voz da pessoa retratada são falsos, fazendo quem é vítima desse tipo de mentira audiovisual ter que desmentir situações que não existiram. Pode ser mais ou menos difícil identificar as deepfakes como falsas, a depender da verossimilhança que conseguem criar. Seja como for, elas causam uma confusão real nas pessoas, pois cada vez que alguém fica em dúvida sobre algo que era para ser simples, o bolsonarismo ganha a batalha.
Lula já tinha sido vítima de uma montagem usando deepfake, antes mesmo da campanha de 2022 começar oficialmente, no dia 16. Na ocasião, em um vídeo falsificado William Bonner aparecia na bancada do jornal xingando Lula e Geraldo Alckmin. Postagens com esse teor podem ter amplo alcance e precisam ser denunciadas sempre. Aqui tem uma explicação simples do que fazer toda vez que você receber uma fake news: aprenda a denunciar.
O vídeo da montagem publicada ontem com a voz de Renata Vasconcellos mira numa mentira que é sempre repetida por Bolsonaro: a de que as pesquisas de intenção de voto não correspondem à realidade. Ora, se elas não correspondem à verdade, por que adulterá-las? Outra mentira bastante usada pela máquina de desinformação bolsonarista são enquetes, em redes sociais, apresentadas como se fossem pesquisas sérias de intenção de voto. Não são. Por isso, é importante que os cidadãos saibam no que podem acreditar.
Você sabe como identificar um instituto de pesquisa confiável?
O principal indicador de seriedade de um instituto ou empresa de pesquisa eleitoral é estar cadastrado como apto no site do TSE. Em segundo lugar, cada pesquisa precisa ser individualmente registrada no TSE, antes de sua realização (e esse número é divulgado junto com os resultados).
Para facilitar o trabalho de checagem, o portal UOL criou um “selo de confiabilidade” das pesquisas. Estatísticos consultados avaliaram metodologias e histórico de cada empresas para classificá-las como “muito confiável”, “confiável”, “só aponta tendências” ou “controversa”. Veja os resultados:
Entre as “muito confiáveis” estão empresas privadas com mais histórico de atuação e que realizam entrevistas presenciais, como Datafolha, Ipec e MDA.
Entre as “confiáveis” estão empresas que podem ou não ter ligação com empresas públicas, que realizam entrevistas presenciais ou por telefone, que são transparentes quanto a seus métodos e que não necessariamente têm um histórico consolidado. São “confiáveis” Ipesp, Quaest, FSB, Ideia e Real Time Big Data.
Aquelas que “só apontam tendências” não utilizam métodos consistentes de entrevista, realizando ligações telefônicas ou feitas por seres humanos ou robôs (sabe aquela mensagem gravada? é isso). Nesse grupo estão Poder Data e Vox Populi.
Por fim, são consideradas “controversas” as empresas de pesquisa que não atendem a nenhum dos requisitos acima: Atlas, Sensus, Futura Inteligência e Paraná Pesquisas.
Ganha um pirulito quem adivinhar quais são as empresas de pesquisa eleitoral preferidas do bolsonarismo.
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