O ano era 2015, e dava pra dizer que nunca antes na história tínhamos sido tão felizes. Foi assunto até de reportagens quando o Brasil escalou diversas posições e se tornou o 16º país no ranking de felicidade divulgado pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável (SDSN, na sigla em inglês), uma iniciativa da Organização das Nações Unidas.
Havíamos saído do Mapa da Fome da ONU no ano anterior. O brasileiro tinha garantia de emprego, acesso a bens de consumo antes inalcançáveis, casa própria e filho na universidade, e a esperança de um futuro ainda melhor pela frente.
Neste ano, contudo, no décimo aniversário do relatório, que avaliou 150 países, o Brasil despencou para a 38ª posição. Motivos para isso não faltam, e são despachados diretamente de Brasília desde o início de 2019: são discursos de ódio que menosprezam e tentam silenciar o povo, as mulheres, os LGBTQIAP+, a negritude e a juventude. São mentiras diárias, e das mais baixas, voltadas a defender supostos valores que não pagam boletos e não enchem barriga.
É uma crise que por pouco não nos impediu de ter acesso à vacina e trouxe de volta a fome, o desemprego, a inflação, o endividamento e o desalento das famílias. É um tormento diário ter de ir trabalhar sem ter qualquer garantia de voltar com o suficiente para dar o que comer à família. É trabalhar duro e com afinco e, mesmo assim, não ter garantia de moradia, casa ou educação.
No estudo publicado pelo SDSN, são levados em consideração não só o quanto as pessoas de determinada nação se consideram felizes, mas também como o PIB per capita, a expectativa de vida, os níveis de corrupção e liberdades individuais impactam nesse sentimento. Diante dos escândalos diários e do baixo nível do que se ouve da boca de Jair Bolsonaro e de seus asseclas, os motivos para a queda no nível de felicidade do brasileiro são autoexplicativos.
Antes, a expectativa de vida e o apoio social (que significa ter com quem contar em situações problemáticas) ajudaram o país a dar saltos consideráveis no ranking, lançado em 2013. Os pesquisadores conseguiram medir que os brasileiros se sentiam mais felizes durante os governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff porque esse era um objetivo das políticas públicas do PT.
É a felicidade o melhor índice para medir o sucesso de um programa de progresso social e é essa a principal finalidade de qualquer política pública, seja qual for sua área. É o que nos permite sonhar com a volta de um futuro promissor, tendo a certeza que nós, nossos filhos e netos estamos bem e bem cuidados. É ter acesso à saúde de qualidade, ao Bolsa Família, ao Minha Casa, Minha Vida, ao Prouni e ao Fies. É andar pelas cidades com segurança pública, iluminação e saneamento básico. É o pequeno agricultor olhar para sua terra e ver ali, apoiado por quem olhe por eles, o fruto de seu suor florescer e se multiplicar.
Felicidade é tudo aquilo que o ódio da extrema direita, encampada no desgoverno de Bolsonaro, não conhece e nem pode suportar. A felicidade está logo ali.
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