Quantas camadas de mentiras são necessárias para esconder uma verdade? Bolsonaro produz fake news em sua propaganda eleitoral em uma tentativa desesperada de justificar investigação que apontou a compra de 51 imóveis por ele e sua família usando dinheiro vivo. Sem nada sólido para apresentar em defesa, ataca o trabalho jornalístico de Juliana Dal Piva e Thiago Herdy dizendo que é uma “covardia” contra ele. Mas contra fatos não há argumentos. As formas de pagamento na aquisição de imóveis constam nas escrituras registradas em cartório e mais de mil documentos foram analisados pela reportagem, que levou 7 meses para ser feita. A compra de imóveis de valores milionários com dinheiro em espécie, com pagamento direto a corretores ou através de múltiplos depósitos, é um forte indício de lavagem de dinheiro.
Dos 51 imóveis que, comprovadamente, foram comprados total ou parcialmente com dinheiro vivo, 27 são do próprio Bolsonaro, de seus três filhos mais velhos e duas de suas ex-esposas. O filho 01, Flávio, comprou, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, apartamento no valor de R$ 2,5 milhões (R$ 4,1 milhões, em valores corrigidos) com múltiplos depósitos em dinheiro vivo de R$ 275,5 mil. A prática é a mesma realizada por funcionários de seu gabinete quando era deputado estadual no Rio de Janeiro, que depositavam de volta para ele parte de seus salários — ou seja, a rachadinha pela qual era investigado.
Outro caso conhecido e polêmico é o do apartamento do presidente em Brasília no valor de R$ 75 mil (R$ 300,6 mil em valores corrigidos) pago com o auxílio moradia que recebia como deputado federal. O documento do cartório registrou que Bolsonaro pagou o imóvel “em moeda corrente e legal do país”. Bolsonaro vem, agora, tentando distorcer os fatos ao alegar que a expressão “moeda corrente” não significa dinheiro vivo. No entanto, as expressões utilizadas nos documentos dos 51 imóveis são diferentes e muitas vezes falam que o valor foi contado.
“Não era dinheiro vivo, era moeda corrente”, diz Bolsonaro. A estratégia de Bolsonaro distorcer o significado de alguma expressão de linguagem é uma tática para confundir o eleitor e tentar colocar em dúvida a realidade. O canal de YouTube Meteoro fez um vídeo explicando o absurdo dessa “guerra” por palavras e significados para, no fundo, esconder a verdade.
Também é este o objetivo das fake news que Bolsonaro cria em sua briga com a verdade. Ele se utiliza as Fake News do tipo Espelho, tentando tirar o foco do inexplicável enriquecimento de sua família atacando Lula a cada vez que é perguntado sobre os 51 imóveis, acusando o ex-presidente de fazer o que, na verdade, ele é que faz.
Outro expediente de Bolsonaro para tentar impedir o sol de brilhar foi colocar a sua rede de comunicação queridinha, a investigada Jovem Pan, para produzir reportagens acusando o Uol de ter cometido fake news ao divulgar o resultado de sua investigação. Novamente, a guerra semântica (que se apega em nuances de palavras para tentar esconder montanhas de dinheiro sem origem explicada). Também não deu certo. A agência independente de checagem Lupa conferiu o conteúdo e diagnosticou: é fake!
Incomodadíssimo com a verdade, Bolsonaro tentou proibir que a reportagem do UOL fosse utilizada pela propaganda eleitoral de Lula — e teve o pedido negado pelo TSE. Assim como não sabemos por que Fabrício Queiroz depositou cheque de R$ 89 mil na conta da primeira dama Michelle Bolsonaro, a origem dos milhões utilizados para a família Bolsonaro na compra de 51 imóveis também não foi explicada. Quantas camadas de mentiras são necessárias para esconder uma verdade? Não faz diferença: a verdade sempre aparecerá. Bolsonaro sabe disso e esta é a razão de seu desespero crescente.
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