Bolsonaro: vergonha na ONU

Ao discursar na ONU, Bolsonaro demonstra mais uma vez sua inaptdão para representar o Brasil em eventos internacionais e repete suas mentiras de sempre.

Compartilhar:

Bolsonaro discursa na ONU

Bolsonaro passou vergonha na ONU, mais uma vez, ao discursar na 77ª Assembleia-Geral em Nova York, na terça (20) e, mais uma vez, disparou sua série de dados mentirosos sobre a realidade brasileira. Dentre os assuntos abordados, estão aqueles que o presidente vem, reiteradamente, apresentando em sua campanha, como economia, desenvolvimento social e meio ambiente. 

Enquanto ele falava, um protesto à sua presença no evento acontecia do lado de fora, nas ruas da cidade. Foram projetadas nos prédios frases contra o presidente, como “Tchutchuca do centrão”. Os protestos também focaram gafes de recentes discursos de Bolsonaro, como o do 7 de setembro, projetando a expressão “Broxonaro”. Mas o tom do protesto foi ainda mais amplo, já que ele foi caracterizado como “mentiroso” e “vergonha brasileira”. 

As mentiras-chave de Bolsonaro são tão conhecidas que podem, inclusive, ser previstas — já que seus discursos nunca trazem muitas novidades. O que demonstra que seu governo não tem nenhum legado positivo, além da destruição promovida na Amazônia ou na gestão da pandemia de covid-19 no país. A autoria do protesto é da US Network no Brasil. 

Desmentimos as principais falácias ditas por Bolsonaro a seguir. 

MENTIRA: “Quando o Brasil se manifesta sobre a agenda da saúde pública, fazemos isso com a autoridade de um governo que, durante a pandemia da covid-19, não poupou esforço para salvar vidas e preservar empregos […] lançamos um amplo programa de imunização, inclusive com produção doméstica de vacinas […] já temos mais de 80% da população vacinada. ”

A verdade é que a gestão de Bolsonaro em relação à pandemia de covid-19 foi uma das piores do mundo. O presidente tomou várias decisões que mostravam o contrário de um esforço para tentar impedir a circulação do vírus e a proteção da saúde dos brasileiros. Entrou no STF para impedir que estados e municípios tivessem autonomia de tomar medidas restritivas quanto à circulação de pessoas. Com relação à vacinação, atrasou a chegada das vacinas, debochou da produção brasileira de imunizantes, deixou de responder ofertas de vacinas estrangeiras, é acusado de corrupção na negociação de imunizantes estrangeiros e declarou guerra à campanha pela imunização em massa.

Além disso, negou ajuda durante a crise da falta de oxigênio em Manaus e promoveu diversas trocas de ministros da saúde para que o escolhido atendesse sua política de defesa de medicamento sem eficácia comprovada.

MENTIRA: “Como tantos outros países, concentramos nossa atenção, desde a primeira hora, em garantir um auxílio financeiro emergencial aos mais necessitados”

Bolsonaro e seu ministro da economia Paulo Guedes defenderam que o auxílio emergencial deveria ser de R$ 200, justificando que o valor geraria endividamento para o país. Agora ele quer mentir que sempre defendeu o auxílio e que ainda aumentará o valor.

MENTIRA: “No meu governo extirpamos a corrupção sistêmica”

Vários escândalos de corrupção permeiam o governo Bolsonaro. Além da acusação de oferta de propina para compra de vacina, ao menos 5 de seus ministros estão sendo investigados por corrupção, como Marcelo Álvaro Antônio (Turismo), Milton Ribeiro (Educação), Ciro Nogueira (Casa Civil), Fabio Wajngarten (Comunicação) e Ricardo Salles (Meio Ambiente).

Bolsonaro interferiu na direção da Polícia Federal com o intuito de proteger seus filhos de serem investigados pelos crimes de “rachadinha”, ou seja, enriquecimento ilícito com dinheiro público. Ele também fez amplo uso do chamado “Orçamento Secreto”, que se trata da destinação de verba pública para congressistas em prol de aprovação de emendas e projetos de lei sem nenhuma transparência. Bolsonaro colocou sigilo de 100 anos em todos os seus atos que poderiam condená-lo por corrupção, como os valores gastos nos cartões coorporativos.

MENTIRA “O responsável por isso [corrupção] foi condenado em 3 instâncias”

Bolsonaro se referiu ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como o responsável pela corrupção ocorrida dentro da Petrobrás e afirmou que ele foi condenado em 3 instâncias. A verdade é que Lula foi inocentado em todos os 26 processos que respondia.

MENTIRA “Temos emprego em alta e inflação em baixa”

O trecho foi elucidado em reportagem da BBC News Brasil: de fato, o Brasil alcançou o menor nível desde 2016, mas o número de desempregados ainda é de 9,9 milhões de pessoas. Bolsonaro esconde que quem está trabalhando está desassistido e sem direitos. A informalidade atinge 39,3 milhões de trabalhadores e há um número recorde de empregados sem carteira assinada no setor privado: 13,1 milhões de pessoas.

A deflação no Brasil está sendo puxada pela redução dos preços de itens específicos, como a gasolina e a energia elétrica. O que não reflete, por exemplo, nos preços dos alimentos.

MENTIRA “A pobreza aumentou em todo o mundo, no Brasil ela já começou a cair de maneira acentuada”

A realidade é que o Brasil voltou ao mapa da fome e tem 33 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar.

MENTIRA “Uma das gasolinas mais baratas do mundo”

Em junho de 2020, a gasolina no Brasil chegou a custar em média R$ 7,39 nos postos e, apesar da queda no preço, não chega nem perto de ser uma das mais baratas do mundo: está em 34ª.

MENTIRA “Em matéria de meio ambiente e  desenvolvimento sustentável, o Brasil é parte da solução e referência para o mundo . Dois terços de todo o território brasileiro permanece com vegetação nativa”

Já desmentimos a posição de Bolsonaro em relação a atuação de seu governo com o meio ambiente: a devastação aumentou em 73%.

MENTIRA “No meu governo, o Brasil tem trabalhado para trazer o direito da liberdade de religião para o centro da agenda internacional”

Bolsonaro não promove o direito à liberdade religiosa, pelo contrário. O chamado gabinete do ódio promoveu inúmeras fake news religiosas contra Lula – número que aumentou em mais de 1000% apenas no mês de agosto de 2022. A liberdade de fé e culto está na Constituição e quem assegurou esse direito foi Lula, ao assinar diversas leis nesse sentido.