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Brasil precisa pagar dívida secular com trabalhador, diz Lula

Para ex-presidente, nenhum cristão pode dormir tranquilo sabendo que crianças passam fome

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje que o Brasil precisa pagar uma dívida secular que tem com o povo trabalhador e destinar parte das riquezas do país para criar condições de vida digna para os que mais precisam.

Para o ex-presidente, ninguém que, como ele, é cristão e acredita em Deus, pode dormir tranquilo sabendo que tem crianças morrendo de fome, pessoas pegando osso ou carcaça de frango na fila de açougue e uma juventude suscetível à violência nas periferias das cidades.

“Esse país tem uma dívida que nós temos que assumir o compromisso de pagar. Não adianta ver jornal e ouvir dizer que a Bolsa cresceu 10%. Toda vez que você ouvir isso, você tem que pensar: quanto cresceu o poder aquisitivo do povo, quanto cresceu o salário mínimo, quanto cresceu o salário da pensionista, quanto cresceu o salário do trabalhador que trabalha na fábrica e levanta 5h da manhã?”, declarou.

De acordo com Lula, se o salário do povo não cresce, o crescimento do PIB tem pouco efeito. “É preciso que o crescimento seja em parte utilizado para que transforme em benefício de renda, através de pagamento de salários, desde os aposentados até os que trabalham”.

Emprego é obsessão

Em discurso durante ato de apoio do Solidariedade à candidatura presidencial, o ex-presidente voltou a dizer que a geração de emprego deve ser obsessão. “Nós precisamos garantir o emprego, o emprego tem que ser uma obsessão. Vamos ter que fazer das tripas coração para que a gente possa garantir a essa juventude a oportunidade de estudar, a oportunidade de trabalhar, a oportunidade e a certeza de que não será violentada pela agressividade da periferia do país”.

Lula também destacou a importância de o governo criar política de estímulo ao empreendedorismo, com recursos do BNDES, para facilitar a vida de quem quer criar seu próprio negócio, e criticou a qualidade do emprego atual com trabalhadores, como os de aplicativo, que não têm nenhum direito e seguem rotina quase como escravos.

“A gente não pode aceitar a ideia de que trabalhador de bicicleta que entrega ifood é empreendedor. Não. Ele está sendo transformado num escravo porque ele trabalha, carrega comida nas costas, sem ter dinheiro para comer; não tem descanso semanal remunerado, não tem férias, se a moto cai e quebra, não tem seguro para pagar; se a mulher fica grávida, não tem plano de saúde para o parto. Então, que empreendedor é esse? Nós precisamos garantir que essas pessoas que trabalham tenham o respeito de trabalhador, que a lei proteja essa gente e que não sejam tratados como os escravos eram tratados há 350 anos ”.

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