Breno, que nasceu sem-teto e cresce com casa própria, diz a Lula: “Ainda tem muita gente morando na rua”

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Breno tem 8 anos e conhece muito bem todos os cantos do Condomínio Novo Pinheirinho, em Santo André (SP). Nesta sexta-feira (25), ele juntou a agilidade de criança ao conhecimento do terreno para conseguir realizar o que chamou de sonho: conhecer o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Lula esteve no Novo Pinheirinho, que foi construído pelo Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) com recursos do Minha Casa Minha Vida, no dia em que se comemorou o 13º aniversário do programa habitacional, o maior da história do Brasil. Acompanhado do ex-ministro Fernando Haddad e do coordenador do MTST, Guilherme Boulos, o ex-presidente reforçou o compromisso de garantir moradia digna aos brasileiros.

Enquanto aguardava para falar aos moradores do Novo Pinheirinho e do conjunto vizinho, o Santo Dias, também construído pelo MTST, Lula foi surpreendido pela chegada de Breno ao palco montado na área de lazer do condomínio. Sem cerimônia, o menino abraçou e sentou ao lado do ex-presidente, os olhos cheios de lágrimas.

“Ele perguntou o meu nome, quantos anos eu tinha e qual o nome da minha escola. Foi como um sonho poder conversar com ele”, contou Breno, ainda emocionado, logo depois de descer do palco, onde permaneceu até o fim do ato ao lado de Lula, Haddad, Boulos e das representantes dos moradores e vizinhas de Breno, Andreia e Maria.

Nascido e criado no Novo Pinheirinho

O menino foi concebido e nasceu na então Ocupação Novo Pinheirinho. Seus pais, o metalúrgico Cláudio Barros dos Santos e a faxineira Vanderci Maria Maciel Santos, foram uma das mais de 800 famílias que moraram sob lonas no terreno que hoje abriga três grandes prédios do condomínio.

Hoje, Cláudio, Vanderci, Breno e o irmão mais velho, Kauan, moram no 12º andar do Bloco B e, de lá, conseguem ver o nascer do sol todos os dias, da janela de sua casa própria. Tudo graças ao programa Minha Casa Minha Vida, que reconheceu a potência da luta dos trabalhadores sem-teto para transformarem a dura realidade de quem, como a família de Breno, vivia em moradias precárias, muito distantes do centro de Santo André.

O Novo Pinheirinho e o Santo Dias foram construídos na modalidade Entidades do programa, uma inovação que colocou nas mãos de movimentos sociais e organizações comunitárias a gestão de projetos habitacionais, da planta à execução.

Cláudio lembra como era duro viver nos barracos da ocupação, mas diz, convicto: “Faria tudo de novo se fosse para melhorar a vida da minha família.”

Foto: Ricardo Stuckert

Muita gente mora na rua

Sobre a “escapadinha” de Breno para o palco, a mãe comentou: “Como a gente sempre falava do presidente Lula, o Breno queria muito conhecer. A gente falava muito, porque foi um tempo em que tudo era melhor nas nossas vidas. A gente conseguia comprar as coisas. Aí, depois, as coisas começaram a decair.” Vanderci está há um ano sem conseguir trabalho, mas acredita que o futuro será melhor de novo.

Ligado na situação do país, apesar da pouca idade, Breno deu sugestões ao presidente Lula: “Primeiro, começar a baixar o preço de tudo. Do gás e da gasolina, que é algo essencial, pra quem trabalha, precisa sair de carro, como o meu pai. Baixar o preço da comida, porque tem muita gente passando fome na rua. Melhorar as condições de investimento para fazer construções, porque ainda tem muita gente que mora na rua. E também podiam construir mais escolas, para dar mais ensinamentos.”

Kauan, o irmão de Breno, faz coro sobre o investimento em educação. Ele sonha em trabalhar com tecnologia da informação. Já o Breno ainda pensa numa coisa só: poder ser criança.