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Chile, Bolsonaro, Paulo Guedes e o fim da aposentadoria

Jair Bolsonaro, o candidato que prefere se esconder nas redes sociais a enfrentar seus adversários no debate direto de ideias, anunciou em sua conta do Twitter nesta quarta-feira (17/10) que recebeu a vista dos senadores chilenos Jacqueline Van Rysselberghe e José Durana, do partido conservador chileno União Democrática Independente (UDI). A ligação entre Bolsonaro, o Chile, Paulo Guedes e o desvio de fundos de pensão é digna de nota.

O Chile tem um dos exemplos mais significativos do que o liberalismo econômico apregoado pela direita produziu na população mais pobre: o fim das aposentadorias públicas no país. Cerca de 90% dos aposentados chilenos sobrevivem com menos de meio salário mínimo.

O modelo de capitalização da previdência implantado no Chile na década de 1980 é o sistema que a equipe econômica de Bolsonaro, capitaneada por Paulo Guedes, quer introduzir no Brasil.

Trata-se de acabar com o sistema público de aposentadoria, eliminando a contribuição patronal e do Estado. Pelo sistema de capitalização, cada trabalhador deposita cerca de 10% do seu salário em uma conta individual, gerida por empresas privadas que cobram altas taxas de administração.

O resultado visto atualmente no Chile é de uma situação insustentável para os idosos. Isso porque a grande maioria dos trabalhadores, que sempre ganhou salários baixos ou passou grandes períodos desempregada, não conseguiu fazer uma poupança com recursos suficientes para garantir os gastos de todos os anos de sua velhice. Hoje, o Chile tem uma massa de idosos vivendo à míngua.

Paulo Guedes e os fundos de pensão

O “guru” da economia de Bolsonaro, Paulo Guedes, insiste nesse sistema chileno para o Brasil, privilegiando empresas de previdência privada. No Chile formou-se um cartel em que cinco empresas financeiras privadas administram os fundos de pensão e, juntas, elas somam um patrimônio equivalente a 70% do PIB chileno, segundo dados da OCDE.

A ligação de Paulo Guedes com os fundos de pensão não é recente. Ele é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) por suspeita de fraudes em negócios com fundos de pensão de estatais. Um procedimento foi instaurado no dia 2 de outubro, no qual o MPF afirma que há indícios de associação de Guedes com diretores e gestores de fundos de pensão, com o objetivo de cometer “crimes de gestão fraudulenta ou temerária de instituições financeiras e emissão e negociação de títulos sem lastro ou garantias”.

Ao longo de seis anos, o economista captou ao menos R$ 1 bilhão, de entidades como Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Funcef (Caixa), Postalis (Correios) e BNDESPar, braço de investimentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Segundo as investigações, os negócios foram feitos pela BR Educacional Gestora de Ativos, que pertence ao economista. Ela lançou dois fundos de investimentos que receberam, das entidades das estatais, R$ 1 bilhão em seis anos. Entre 2009 e 2013, um dos fundos obteve R$ 400 milhões.

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