Cinco anos do golpe: Lula diz que a vingança do PT será fazer mais pelo Brasil

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“O impeachment não aconteceu no dia do golpe. O impeachment aconteceu no dia em que nós ousamos fazer política social para que nosso povo humilde pudesse ocupar mais um degrau na escala social”, disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ato de lançamento do livro “Brasil: 5 Anos de Golpe e Destruição”, realizado nessa terça-feira (31) pela Fundação Perseu Abramo e pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

O evento relembrou a deposição de Dilma Rousseff da Presidência da República, oficializada pelo Senado há exatos 5 anos. Lula fez uma análise da conjuntura política que levou ao impeachment e avaliou que as políticas de inclusão social promovidas pelo seu governo e pelo governo de Dilma contrariaram setores que, segundo ele, jamais aceitaram a ascensão das classes mais baixas da sociedade brasileira.

“É muito difícil pensar em um país com 350 anos de mentalidade escravista aceitar que o povo pobre suba um degrau, que as pessoas adquiram o direito de tomar café, almoçar e jantar, que a empregada doméstica tenha seus direitos mais elementares reconhecidos”, declarou Lula.

O ex-presidente destacou ainda o esforço dos governos petistas para explorar o pré-sal e criticou o processo de desmonte da Petrobrás e de políticas públicas de inclusão social como o Prouni, desencadeado pela deposição de Dilma e intensificado no governo Bolsonaro. “A gente obrigava a Petrobrás a gerar empregos e a fomentar empresas aqui”, lembrou.

Lula finalizou dizendo que instrumentos que contam a história com viés diferente do adotado pela imprensa hegemônica, como o livro lançado no ato, “servem de lição de vida”.

“A gente não pode perder o direito de andar de cabeça erguida. Quando vi brasileiros de todos os recantos do país ficarem 580 dias na frente daquela Polícia Federal defendendo a minha inocência e a honra do PT, pensei que a gente tem que acreditar que pode voltar. Mas a gente não quer voltar para se vingar, a nossa vingança vai ser outra. Vai ser mais educação, mais salário, mais emprego, mais cultura, mais oportunidades, mais bolsa de estudo. A nossa vingança é provar: ó nós aqui traveis para fazer mais e melhor”.

Além de Lula e da ex-presidenta Dilma Rousseff, participaram do ato a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ex-ministros dos governos petistas como Aloizio Mercadante, Fernando Haddad e Celso Amorim, além de parlamentares e do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana.

A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou que o golpe de 2016 estava em curso antes mesmo da sua posse. “Houve por parte de todas as áreas da atividade política tradicional do país uma negação que estava havendo um golpe, inclusive pelo sistema judiciário do país”, disse Dilma, lembrando em seguida uma declaração que marcou o seu discurso de despedida naquele dia fatídico: “O golpe não foi apenas contra mim”.

Dilma falou ainda sobre a grave crise que o Brasil está enfrentando e reforçou a importância do PT como principal partido de oposição ao projeto neoliberal do governo Bolsonaro e do papel de Lula para reconstruir a relação histórica do partido com os movimentos populares e as forças democráticas.

“O reconhecimento da inocência do presidente Lula alterou a correlação de forças no Brasil. Pela primeira vez nesse período, uma alternativa popular se apresentou. Temos a força de ter no nosso campo um líder da envergadura do presidente Lula, que não é só nacional, porque ele é capaz de propor uma inserção do Brasil e da América Latina no plano internacional”, disse.

O ex-ministro da educação Fernando Haddad classificou o impeachment como um “projeto de extrema violência” cometido contra Dilma e avaliou que o processo contribuiu para a chegada de Bolsonaro ao poder.

“Ver esse grupo usurpando a nossa soberania é muito triste. Mas quem sabe não seja um processo em que nós assimilemos todos os desmandos que este país viveu? Nós vamos vencer e vamos te homenagear no ano que vem”, disse Haddad, se dirigindo à ex-presidenta Dilma. O livro foi organizado pela economista Sandra Brandão, que integrou o governo Dilma. A autora falou sobre a escolha dos temas abordados na obra, que traz à tona o desmantelamento dos projetos implementados pelos governos Lula e Dilma. “As mudanças nas regras fiscais tiraram o povo do orçamento. A cada ano temos menos recursos para saúde, educação e moradia popular”, citou Sandra.