O Brasil terá estímulos para desenvolver o complexo industrial da saúde, a agricultura de baixo carbono e para fazer a transição tecnológica para a indústria 4.0. Setores prioritários do programa de governo, que está sendo construído com a participação da sociedade, e que foram apresentados a empresários na manhã desta terça-feira (09/08), na sede da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), pelo coordenador do programa de governo, o ex-ministro Aloizio Mercadante.
Com um complexo industrial de saúde, disse Mercadante, o Brasil tem a oportunidade de virar plataforma de exportações, ganhar competitividade e atrair investimento da gigantesca liquidez internacional, que não vai mais para a Ásia. Sobre a agricultura, “setor de vantagens competitivas estruturais”, o ex-ministro destacou a importância de o Brasil ter uma política de fertilizantes, produzir biodefensivos e estimular agricultura de baixo carbono.
“Podemos ter um plano safra que estimule conversão da pecuária em agricultura, que valorize o patrimônio e, ao mesmo tempo, impulsionar uma agricultura que sequestre carbono. Com isso o Brasil pode ganhar respeito e projeção e atrair investimento”, pontuou ele, que também é presidente da Fundação Perseu Abramo.
Sustentabilidade é valor essencial
Sobre meio ambiente, Mercadante afirmou que o Brasil precisa enfrentar o problema da grave crise climática, a começar pela Amazônia. Segundo ele, abrir o interruptor sobre a Amazônia é atribuição não de um governante, mas de um líder global como Lula.
“Se protegermos a Amazônia, o mundo tem que compensar, com investimento e recursos, as 25 milhões de pessoas que lá vivem, com pesquisa em biodiversidade, com investimento em estrutura”, afirmou, completando que a transição ecológica perpassa todas as políticas públicas. “Da política de crédito à política tributária e todo esforço do governo, a sustentabilidade é um valor absolutamente essencial que esse governo que aí está é incapaz de compreender e conceber”.
Outra preocupação central é o papel da indústria de transformação. “No nosso programa, uma das preocupações centrais, o coração do desenvolvimento, é o papel da indústria de transformação, setor de maior efeito multiplicador na economia, de mais emprego qualificado, que impulsiona inovação e muda a qualidade de desenvolvimento”, afirmou
Sem reindustrialização, Brasil não será moderno
O coordenador do programa de governo, que esteve na Fiesp acompanhando o ex-presidente Lula em debate sobre o Brasil, lembrou que a indústria sempre esteve nas prioridades dos governos petistas, citou ações específicas, como financiamento do BNDES, Lei do BEM, Lei da Inovação e Inova Empresa, e afirmou que, sem reindustrialização o Brasil não será moderno, não distribuirá renda e não terá lugar no concerto das nações mais desenvolvidas do planeta.
“Para isso nós precisamos de Estado. Essa ideia neoliberal de estado mínimo pode servir a muita gente, mas seguramente não serve a essa casa. Para isso, precisamos de sintonia fina entre estado eficiente, moderno, transparente, mas indutor da industrialização e do desenvolvimento e o setor industrial. Para isso precisa ter diálogo e conversa. E se há alguém que sabe conversar e dialogar e construir esse tipo de entendimento é o presidente Lula”, afirmou.
O ex-ministro destacou a capacidade de Lula e Alckmin para liderar a transformação do Brasil e chamou a união entre eles de aliança improvável, imprescindível nesse momento do país e complementar. “São duas experiências extremamente ricas, que se complementam e que são fundamentais para enfrentar tamanho do desafio que se avizinha”.