O juiz Sérgio Moro começa ouvir nesta segunda-feira (21) as testemunhas de acusação elencadas pelo MPF-PR (Ministério Público Federal no Paraná) para falar no processo movido contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a respeito do apartamento triplex no Guarujá (SP), que os procuradores insistem em dizer que é propriedade oculta de Lula, muito embora nunca tenha estado em seu nome nem tenha sido utilizado por ele.
Para provar que nada tem a ver com o imóvel, a Defesa de Lula no processo solicitou uma série de provas técnicas e periciais, mas Moro negou a produção de todas. O juiz de primeira instância do Paraná decidiu fazer o processo baseado apenas em provas testemunhais. Conheça, abaixo, a lista das testemunhas que serão ouvidas nesta segunda para falar contra Lula.
1 – Augusto Mendonça Neto
O empresário assinou, em dezembro de 2014, um acordo de delação com os procuradores da Operação Lava Jato. Graças a isso, tornou-se um dos poucos empresários investigados pela Lava Jato que ainda está solto.
Em sua delação, Mendonça Neto admitiu ter pago R$ 60 milhões em propinas a ex-executivos da Petrobras. Ele era da empresa Toyo Setal, que atuava no ramo de estaleiros. Sua companhia era parte do cartel que ficava com os maiores contratos da Petrobrás, conforme disse o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
Além disso, a testemunha do MPF-PR era o sócio de Celso Russomanno em seu empreendimento em Brasília, o Bar do Alemão, aquele que fechou as portas após ser despejado por não pagar o aluguel, além de ter dado calote em fornecedores e trabalhadores do local.
2 – Dalton Avancini
O ex-presidente da Camargo Corrêa tornou-se delator premiado da Lava Jato em junho de 2015, quando assinou um acordo com os procuradores do MPF-PR e confessou a Sérgio Moro que havia pago, no ano de 2006, R$ 8,7 milhões em propina para a campanha de Eduardo Campos (PSB) para o governo de Pernambuco.
A propina, segundo ele, teria se dado por meio de um contrato fictício com uma empresa de terraplanagem. Conforme o delator, a Camargo Corrêa seria ressarcida através de valores acrescido para inflacionar um contrato assinado entre a empresa e o Estado pernambucano.
Avancini foi julgado e condenado a 15 anos de prisão, mas cumpre a pena (que foi reduzida) em casa, sob autorização de Moro, graças ao acordo que assinou com o juiz paranaense.
3 – Eduardo Leite
Ex-diretor vice-presidente da Camargo Corrêa também foi condenado a 15 anos de cadeia, e também está em casa cumprindo pena graças ao contrato de delação que assinou com Sérgio Moro.
Em seu processo, Leite disse que pagava propinas para ficar com obras da Petrobras, mas que o valor era adicionado no preço final das obras, fazendo com que a própria estatal pagasse para ter seus contratos fraudados. Ele afirmou que as propostas de preços da Camargo Corrêa para a petroleira já incluíam um custo relativo às propinas, que eram pagas a diretores da companhia.
4 – Delcídio do Amaral
O ex-senador foi preso no dia 25 de novembro de 2015 porque descobriu-se que ele arquitetava um plano de fuga para sair ilegalmente do país. Ele foi solto em fevereiro deste ano, e saiu da cadeia afirmando – juntamente com seus advogados – que nao assinaria acordo de delação nenhum com a Lava Jato.
No mês seguinte, já estava assinando o acordo que garantiu que ele não voltará mais à cadeia, em que afirmou que Lula estava pressionando testemunhas para que não falassem o que sabiam em seus depoimentos a autoridades.
Na semana retrasada, em depoimento a Sérgio Moro, todas as pessoas que, segundo Delcídio, teriam sido pressionadas por Lula, negaram peremptoriamente tal fato, em depoimentos oficiais à Justiça. Por causa disso, Lula está processando o ex-senador Delcídio, que agora será ouvido por Moro como testemunha de acusação contra o ex-presidente.
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