O empresário Emerson Granero, diretor executivo da empresa Granero, em depoimento prestado nesta quinta-feira (9), disse que o contrato firmado entre a sua empresa e a construtora OAS, referente ao acervo presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva armazenado em dez containers na empresa como “material de escritório”, é um contrato padrão elaborado pela Granero com esses termos. O executivo falou como testemunha de defesa no processo movido pelos procuradores da Operação Lava Jato contra Paulo Okamotto (presidente do Instituto Lula), o ex-presidente Lula e Dona Marisa Letícia. Na ação, o Ministério Público Federal acusa Lula de ter recebido vantagem ilícita da OAS na forma de armazenamento do acervo presidencial (que os procuradores erroneamente chamam de “bens pessoais do ex-presidente”) sem cobrança de remuneração para tanto.
Falando ao juiz de primeira instância Sérgio Moro, Granero assumiu que foi uma desatenção a sua empresa denominar como “material de escritório” o acervo presidencial, e ninguém dentro da Granero percebeu que poderia haver um problema para a empresa por esse equívoco na denominação do contrato.
Os procuradores da Lava Jato utilizam este termo no contrato para dizer que houve lavagem de dinheiro nos pagamentos de R$ 21 mil feitos pela OAS para a Granero, sem nenhuma forma de ocultação financeira, para armazenagem do acervo presidencial privado.
Na realidade, porém, conforme Granero teve a oportunidade de esclarecer em juízo nesta quinta, o Instituto Lula, desde quando tinha o nome de Instituto Cidadania, sempre pagou a armazenagem do material na Granero, que mantinha o material guardado em área climatizada. Atualmente, os objetos encontram-se confiscados pela Polícia Federal, que não mantém os padrões adequados de armazenamento do acervo histórico.
Granero afirmou ainda que não houve nenhum pedido de sigilo ou ocultação desse contrato, nem que teve nenhuma tratativa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a respeito do assunto.
Assim que Lula deixou a presidência da República, Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, já informou que não tinha recursos para pagar toda a armazenagem. Depois, informou que, após algumas semanas, ele encontrara um apoiador (OAS) que iria entrar em contato com a Granero. Entre o fim de janeiro e início de fevereiro de 2011, um executivo da OAS chamado Mateus Coutinho entrou em contato com a Granero, colocando-se como empresa apoiadora e fechou um contrato entre as duas companhias para o pagamento da armazenagem.
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