O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa prestou depoimento nesta quarta-feira na 13ª Vara Federal de Curitiba, frente ao juiz Sérgio Moro, em processo que apura a acusação do Ministério Público Federal de que uma empreiteira teria comprado um imóvel para doar ao Instituto Lula, o que, segundo a própria denúncia, jamais veio a ocorrer.
De qualquer forma, nos últimos dias, a imprensa divulgou notícias, advindas dos procuradores federais, de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria tido dezenas de reuniões com Paulo Roberto Costa.
É apenas mentira. Nesta quarta, Costa corrigiu as informações da mídia, desta vez frente a frente com o juiz Sérgio Moro, apontando que jamais teve qualquer reunião sozinho com o ex-presidente Lula, nem tinha intimidade com ele. Leia, abaixo, nota da Defesa de Luiz Inácio Lula da Silva a respeito do tema.
“Nota
Depois de confirmar, a pedido da Defesa, que jamais teve qualquer proximidade com Lula, o delator Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, corrigiu, espontaneamente, informações sobre as agendas dos diretores da Petrobras com referência à participação do ex-Presidente, que foram divulgadas pela imprensa, a partir de manifestação do Ministério Público.
Houve, segundo Costa, uma compreensão errada da questão. Ele afirmou não ter tido nenhum encontro reservado com Lula, até porque, reconheceu, não tinha “intimidade” com o ex-Presidente. Todos os encontros, reforçou, diziam respeito a atividades institucionais da companhia, eventos e cerimônias no Brasil e no exterior nos quais era natural a participação do Presidente da República.
Os documentos apresentados pelos procuradores – e divulgados pela mídia – não contradizem, portanto, o depoimento de Lula, ocorrido em 10/5 quando afirmou que “não tem reunião específica com diretor da Petrobras”, além das duas situações que mencionou.
Já Pedro José Barusco, ex-gerente executivo de Serviços da Petrobras, revelou que a planilha que figura como base de sua delação e que na audiência de hoje serviu de guia para as perguntas do MPF é um documento que montou durante a negociação de sua delação.
Reconheceu que não se recorda de todos os atos descritos na planilha e não pode garantir que todos tenham ocorrido, identificando a fragilidade da narrativa do MPF. Barusco disse também não saber precisar se houve pagamento de vantagens indevidas em todos os contratos firmados com a Petrobras e que não havia uma regra de pagamento.
Ele admitiu que, embora tenha recebido vantagens indevidas antes de 2003, a Lava Jato delimitou sua delação somente a partir daquele ano.
Lamenta-se que o Juízo da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba mais uma vez tenha impedido, de forma autoritária, até mesmo a formulação e o registro de perguntas sobre as negociações e colaborações que estão ocorrendo no exterior com a participação da Petrobras e do Ministério Público.
Cristiano Zanin Martins”