Em entrevista ao programa Amarelas on Air, no canal do YouTube da revista Veja, na noite da terça-feira, 17, o advogado Cristiano Zanin Martins, responsável pela estratégia vitoriosa de provar a inocência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da Lava Jato, reafirmou a motivação política da operação e disse que houve sucessivas quebras do estado de direito no processo que levou à prisão do ex-presidente.
Na opinião do advogado, ao fundir motivação política com o ambiente judicial, a Lava Jato perdeu uma grande oportunidade de realizar o combate à corrupção, sem deixar, portanto, um bom legado. “O combate à corrupção é necessário, precisa ser feito, mas tem que seguir a lei e a Lava Jato não seguiu a lei. Eu não acho que se possa admitir uma operação que agiu tão fora dos limites legais”.
A ilegalidade, de acordo com ele, foi demonstrada ao longo de todo o processo e também por meio da chamada Operação Spoofing, que reuniu troca de mensagens entre o ex-juiz juiz Sérgio Moro e os procuradores envolvidos na investigação da Lava Jato. As mensagens revelaram haver um projeto de poder e motivação de prejudicar o ex-presidente.
“Nas mensagens que acessamos, pudemos ver que era um projeto de poder efetivamente. De um lado, o abuso insistente e permanente. De outro lado, havia um projeto de poder, inclusive buscando eleger candidatos da própria Lava Jato. Hoje, nós temos candidatos que eram da Lava Jato e estão buscando votos, formalmente, na política. Já estavam na política, mas agora estão formalmente buscando votos”, contou, afirmando ainda que a confusão da política com o ambiente judicial não pode acontecer nem aqui nem em outro lugar do mundo. “Mas foi o que aconteceu”.
De acordo com o advogado, desfechos políticos motivados pela Lava Jato permitiram que a comunidades jurídica e internacional fizessem leitura clara dos objetivos políticos da operação. Entre os defechos, o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff e a posse de Sergio Moro como ministro do governo Bolsonaro, eleito por causa da saída de Lula do processo eleitoral de 2018, em virtude de uma condenação injusta e ilegal imposta pelo ex-juiz.
Zanin comentou o reconhecimento da ONU de que o ex-presidente teve direitos violados e disse que um pedido de desculpa seria um bom começo para a reparação que o Estado brasileiro deve fazer a Lula pelas violações que ele sofreu.
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