Denúncia via Verdade na Rede: Bolsonarismo persegue religiosos que não rezam a sua cartilha

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Nesta semana, iniciamos um mutirão de vacinação contra fake news, chamando as pessoas a defenderem a democracia denunciando as mentiras que estão sendo espalhadas nas redes e nas ruas, como estratégia de Bolsonaro (que mente sete vezes por dia.) e seus apoiadores. Esta vacina foi produzida a partir de diversas denúncias que recebemos por meio de nossos grupos de whatsapp e pelo site lula.com.br/verdadenarede.

Não é de hoje que o presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores perseguem religiosos que criticam suas posições políticas. Ainda que se diga cristão, em 2018, antes de ser eleito presidente, o então improdutivo deputado federal dizia que a CNBB era a parte podre da igreja católica brasileira. Ao longo da última semana, surgiram mais exemplos da perseguição a religiosos perpetrada por apoiadores de Bolsonaro: freiras vêm sendo ameaçadas após alugarem convento para atividades de Fernando Haddad, no interior de São Paulo. Infelizmente, não é o primeiro nem último caso que aconteceu.

Para o deputado Padre João (PT-MG), que também é clérigo da Igreja Católica desde 1995, os ataques têm acontecido por todo país. “São muitos colegas padres e bispos que têm sido alvo do ódio e violência dos bolsonaristas. Eu mesmo tenho sido atacado e tenho recorrido à justiça. Padre Lino Allegri, da Arquidiocese de Fortaleza, foi ameaçado de morte, a comunidade dos franciscanos foi hostilizada por apoio aos movimentos sociais em Campo do Meio (MG), Padre Antônio Brígido de Montes Claros (MG), atacado por bolsonaristas por defender a democracia”, afirma.

Ofensas a Dom Orlando Brandes

As ofensas contra os clérigos não pararam por aí. O arcebispo de Aparecida do Norte Dom Orlando Brandes tornou-se um alvo dos bolsonaristas após pedir um país sem corrupção, pobreza, mentiras e armas na missa da Padroeira do Brasil, no Santuário Nacional de Aparecida, no dia 12 de outubro do ano passado e exortou a sociedade a construir “uma pátria amada. Para ser amada, não pode ser pátria armada”.

A milícia digital bolsonarista entrou em campo e distribuiu uma série de imagens falsas para constranger Dom Orlando. O post fazia referência a uma doação do governo federal à congregação de Aparecida que nunca ocorreu, utilizando uma imagem de doação de comerciantes à igreja católica de Itu. O absurdo não tem limites na gadolândia.

Além disso, o deputado estadual bolsonarista Frederico D’Avilla (PSL-SP) foi um dos bolsonaristas que partiu para o ataque e disparou impropérios bastante ofensivos contra o arcebispo, a CNBB e até mesmo o Papa Francisco. Pressionado pelos colegas de Assembleia Legislativa, o parlamentar voltou atrás, ainda que timidamente.

Ataque ao padre Júlio Lancellotti

Outro clérigo vítima dos ataques de Bolsonaro foi o padre Júlio Lancellotti, vigário para o Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo e conhecido defensor dos direitos humanos. O atual chefe do executivo não conteve sua ira, depois que Lancelotti recebeu uma visita do presidente Lula em sua congregação.

Bolsonaro partiu para uma série de ataques desqualificadores, inclusive insinuando argumentos de um chantagista sentenciado pela justiça do qual o padre Júlio foi vítima.

Segundo o Padre João, este posicionamento faz parte de um modus operandi dos apoiadores de Bolsonaro. “Todos que defendem a vida, que defendem a presença do Estado com as políticas públicas para garantir dignidade para os cidadãos, todos que defendem a ciência, a vacina, que são exigências cristãs, já são alvos de ofensas e agressões pela base do Bolsonaro. Cristo combateu a hipocrisia dos Fariseus, dos Doutores da Lei, dos Sumos Sacerdotes, dos Anciãos. Então, basta ser um cristão autêntico, para ser alvo dos bolsonaristas”, argumenta.

Hostilidades contra os padres Lino Allegri e Oliveira Braga Nunes

Hordas de bolsominions invadiram a Paróquia da Paz, no bairro Aldeota, em Fortaleza (CE), após o pároco manifestar críticas ao chefe do Executivo nacional e lembrar das mais de 500 mil mortes por Covid-19 no Brasil, em 4 de julho de 2021.

As ofensas escalaram em ameaças físicas contra o padre Lino e também o padre Oliveira Braga Rodrigues ―pároco oficial da Igreja da Paz. Ambos foram obrigados a se afastarem temporariamente da igreja.

As ações de intimidação tornaram-se caso de polícia e os religiosos foram inscritos no programa de proteção do estado do Ceará e mais um triste exemplo da intolerância bolsonarista.

Ataques às freiras de Santo Anastácio

Outras vítimas do ódio bolsonarista foram as freiras da Congregação Irmãs Filhas de Maria Missionária, em Santo Anastácio (SP). Após alugarem a quadra de seu educandário para um encontro de Fernando Haddad com correligionários na região, as religiosas passaram a ser vítimas de ataques e ameaças pelo WhatsApp.

Segundo reportagem da Veja, as mensagens são atribuídas a fazendeiros e comerciantes da região e carregam conteúdo bastante violento e ameaçador:

“Vou fazer uma visita para essas irmãs. Se confirmarem que são petistas e comunistas, vou mandar tudo tomar no c… essas p… aí”, diz um dos áudios que circulam na cidade. “Bota para quebrar, não deixa barato não. Petista nós temos que matar. Pisar no pescoço até o bicho fungar”, responde outra pessoa ao áudio. “Está parecendo piada, né? Essa espécie que se diz ser humano falar em desenvolvimento social na nossa região aqui? Esse lixo Haddad? Essas irmãs têm cérebro de camarão, (por) aceitar esse cara de fazer palestra em Santo Anastácio. Será que o povo de Santo Anastácio não vai acordar, eliminar essa raça da nossa cidade? Se for possível, brigar até com as irmãs”, diz um terceiro áudio.

“Estas pessoas se dizem cristãs mas negam o amor, o serviço e o respeito ao próximo; negam a essência do ser cristão; se alimentam do ódio e das mentiras, das fake news; o pai da mentira é o Lúcifer e estão a serviço dele, embora digam estar em nome de Deus; destroem a família com a fome, com o desemprego, com a morte ao negar a vacina, embora mintam ao dizer que estão a serviço da família e mentem igualmente quando dizem estar a serviço da Pátria mas negam a soberania nacional. Quando a CNBB e lideranças religiosas defendem todo o necessário que assegure a dignidade humana, são alvos dos bolsonaristas. Mas o amor vencerá o ódio como a esperança venceu o medo”, completa Padre João.

O suposto padre da mentira

Enquanto isso, o ex-capitão conta com o apoio cego de um suposto “padre” que espalha delírios golpistas e promove ações antidemocráticas Brasil afora. Amigo de Roberto Jefferson, Kelmon Luís da Silva Souza já discursou de batina em carros de som bolsonaristas na Paulista e em Brasília.

Ainda em 2010, às vésperas do segundo turno, este personagem – então identificado como líder de ONG de extrema direita – foi responsável pelo pedido de impressão de 1 milhão de panfletos mentirosos que caluniavam a então candidata Dilma Rousseff. As fake news já estão por aí há um tempo. O imbróglio foi parar na justiça eleitoral.

Kelmon utiliza sua pretensa afiliação à Igreja Ortodoxa como forma de chamar atenção para sua militância e tentar proteger seus supostos interesses paroquiais na Ilha da Maré, na Bahia, onde ele se tornou um antagonista dos quilombolas e ambientalistas da região.