Brasileiros em situação de pobreza e de extrema pobreza, beneficiários do Auxílio Emergencial, sofrem com a crise econômica que assola o país. Mesmo assim, o governo Bolsonaro vai acabar com o pagamento adicional de R$ 200 em dezembro deste ano. Num contexto de poder de compra sacrificado por uma inflação nas alturas, o dinheiro é usado para pagar dívidas ou comprar um pouco mais de comida.
Reportagem do Valor Econômico conta histórias de pessoas que vivem essa realidade e ouve especialistas sobre a situação já complicada de famílias com endividamento e sem dinheiro para o básico. Entrevistado pelo jornal, Rodolpho Tobler, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), destaca o endividamento alto e a inflação como fatores que estão roubando o poder de compra da população.
Levantamento do FGV Ibre mostra que o impacto do aumento de preços é sentido por 92,4% dos consumidores, enquanto 75% percebem o forte aumento de preços em produtos e serviços e mais de 60% tiveram que reduzir gastos. “Mesmo cortando despesas, mostra o levantamento, um quinto das famílias de menor poder aquisitivo não conseguiu deixar de se endividar”, diz o jornal.
O povo não é bobo
De acordo com reportagem da Folha de São Paulo, o Auxílio Emergencial não deve ter o efeito esperado pelo governo de se transformar em voto. “Numa eleição marcada pela piora das condições de vida e pela insegurança alimentar, o pacote de bondades que inclui o reajuste temporário do auxílio é colocado em xeque como tática eleitoral. A inflação que corrói o poder de compra e o desalento gerado por falta de oportunidades são os principais obstáculos para transformar a renda extra em votos para o presidente Jair Bolsonaro nos redutos mais pobres”, diz a reportagem.
Sizino Alves, 62, votará em Lula pela primeira vez e justifica a escolha devido à inflação que deixou “o diesel mais caro que a gasolina” e ao aumento do Auxílio Brasil próximo à eleição. “Aumentar só por três meses? Por que não deu logo um ano para trás?,” reclamou à reportagem. Segundo a Folha, a percepção do reajuste do auxílio como medida eleitoreira é recorrente. Pesquisa Datafolha realizada em julho aponta que, para 61% dos eleitores, o pacote de benefícios tem como principal objetivo ganhar votos para Bolsonaro.
Lula manterá o Auxílio em 2023
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Auxílio Emergencial será mantido em 2023, como uma forma de combater a fome e a miséria no Brasil. “Precisamos dizer uma coisa em alto e bom som, enquanto não acabar a miséria neste país, enquanto não acabar com a fome neste país, não tem como acabar com o auxílio emergencial”, declarou o ex-presidente. “Não há como acabar com o auxílio emergencial sem recuperar a economia brasileira, sem que a gente gere emprego”.