Durante um debate sobre segurança alimentar em Gana, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou as políticas de combate à fome em seu governo e disse que os resultados ensinam que “é plenamente possível garantir que todo ser humano possa comer três vezes ao dia”. No evento, Lula convidou o ex-presidente de Gana John Kufuor para participar nos dias 1 e 2 de julho do seminário sobre combate a fome promovido pela FAO, União Africana e Instituto Lula.
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Lula e o ex-presidente ganês, John Agyekum Kufuor, participaram neste sábado (16) de um debate sobre segurança alimentar promovido pela FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), em Acra, capital ganense. Lula e Kufuor receberam, em 2011, o prêmio internacional World Food Prize graças ao sucesso de ambos no combate à fome quando eram presidentes. O debate discutiu as experiências exitosas de Brasil e Gana para que elas sejam ampliadas e inspirem outros países africanos. O público de acadêmicos e líderes de movimentos sociais ouviu também Ernest Aryeetey, professor de economia e vice-reitor da Universidade de Gana.
Em sua fala, Lula resumiu um pouco da experiência brasileira com o Bolsa Família e depois respondeu a perguntas do público. O ex-presidente brasileiro ressaltou a importância do cadastro, do benefício ser pago em dinheiro, por meio de um cartão magnético entregue para a mulher e da política de crédito, especialmente para a agricultura familiar.
O cadastro permitiu que o benefício chegasse às pessoas certas. O cartão magnético deu autonomia às mulheres para decidir o que comprar, afastou o clientelismo, porque não há nenhum político intermediando o acesso ao dinheiro e ainda ajudou a bancarizar em oito anos 45 milhões de pessoas que nunca tiveram conta bancária antes. Isso dinamizou a roda da economia local, que passou a girar muito mais. O crédito para a agricultura familiar, aliado à facilitação do acesso à tecnologia, também foi fundamental tanto para ampliar a produção de alimentos como para manter a economia local aquecida.
“Quem passa fome vive o verdadeiro inferno na Terra, porque nada pode ser pior do que passar fome todo dia. É muito ruim”, disse Lula lembrando que o cidadão não quer viver no inferno, mas no céu. “Não quer esperar morrer para ficar bem. Quero comer todo dia, ir para a escola, trabalhar…”.
Lula lembrou também do programa Brasil Sem Miséria da presidenta Dilma e disse que essas conquistas provam que “é plenamente possível garantir que todo ser humano possa comer três vezes ao dia”. E continuou: “o mundo produz alimento e tem tecnologia. O que precisa é um pouco de dinheiro na mão das pessoas, para as pessoas poderem comprar sem precisar mendigar, [sem] pedir toda hora uma cestinha”.
O ex-presidente Kufuor se referiu ao brasileiro como seu “irmão de alma” e explicou como o esforço do seu governo em modernizar a agricultura impulsionou o crescimento do PIB de Gana e reduziu a pobreza do país pela metade. Os dois reforçaram a importância do comprometimento dos presidentes no combate à pobreza.
Lula enfatizou sua crença de que a experiência brasileira pode ajudar muito os países africanos. “Eu tenho a convicção de que as políticas publicas que fizemos no Brasil têm a cara da África. Tem que ser adaptado em relação a cada realidade e cultura, mas podem ser implantadas na África.”
Iniciativa África
Compartilhar experiências no combate à fome e à pobreza é um dos eixos de trabalho do Instituto Lula. O governo Lula (2003-2010) mudou a prioridade da política externa brasileira e trabalhou para ampliar as relações entre o Brasil e os países africanos. Foram 33 viagens presidenciais ao continente, com a criação de 19 novas embaixadas. Clique aqui para ler mais sobre a Iniciativa África.
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