Em entrevista ao Programa Identidades, da TV argentina IP Notícias, que foi ao ar na noite de sábado (11/12), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que o Brasil passa por difícil situação econômica e social, com alto desemprego, inflação crescente e desesperança. Lula ressaltou que a situação piorou após o golpe contra Dilma Rousseff e a prisão injusta dele.
“Prenderam o Lula, deram um golpe de Estado na Dilma Rousseff, e o Brasil só piorou depois disso. O Brasil está mais pobre, o desemprego está muito alto, a inflação crescendo e a esperança do povo brasileiro, um pouco que está desaparecendo.”
Lula defendeu a união de forças democráticas para recuperar o Brasil e fazer com que o povo volte a ser feliz e a ter esperança. “É a única razão pela qual eu posso voltar a ser candidato, o compromisso que nós temos de melhorar a qualidade de vida do povo brasileiro. Estou convencido de que é possível reconstruir o Brasil e fazer o Brasil voltar a ser um país respeitado e admirado no mundo”.
É preciso mudar a lógica da economia no mundo
Para o ex-presidente, não é normal que um país como o Brasil, que é o maior produtor de alimentos do mundo, tenha fome. Assim como não é normal que o mundo produza mais alimentos do que consome e haja 800 milhões de pessoas no planeta que vão dormir todas as noites sem ter o que comer. “Não é justo as pessoas quererem acumular riquezas e a maioria do povo acumular pobreza. É preciso mudar a lógica da economia no mundo. Eu sempre digo que um outro mundo é possível”.
Brasil e Argentina podem fazer diferença na geopolítica mundial
Para Lula, a retomada das relações entre Brasil e Argentina é fundamental para a unidade da América Latina, assim como para melhorar a vida dos povos dos dois países. “São duas grandes nações que podem fazer a diferença no jogo geopolítico do planeta terra”.
Sobre a situação econômica do país vizinho e a dívida com o FMI, o ex-presidente defendeu que o fundo trate a Argentina como tratou os países ricos na crise de 2008, e construa um acordo que não sacrifique o povo e permita a recuperação. “A Argentina não precisa de pressão, mas de compreensão dos credores internacionais, para que se faça o melhor acordo possível e o povo argentino possa voltar a ser feliz, não apenas com a seleção, nem com o Messi, mas também na política e na economia”.
Quando se nega a política, o resultado é bem pior
Para Lula, o presidente Jair Bolsonaro foi eleito num contexto de campanha antipolítica, na qual se negava os partidos políticos e a democracia e abriu brechas para a ascensão da direita. No Brasil, disse, a conjuntura foi reforçada pelos meios de comunicação com denúncias e mentiras contra ele e o PT.
“O impeachment da presidenta Dilma resultou numa anomalia para a democracia, uma anomalia para a política. Um país de 215 milhões de habitantes, um país que não tem contencioso com nenhum país do mundo, eleger para presidente uma pessoa que não gosta de democracia, que não estimula o amor, estimula o ódio, uma pessoa que não distribui livros, quer distribuir armas, uma pessoa que não trabalha para harmonizar a sociedade. É uma pena. Eu digo sempre, quando no mundo se nega a política, o que surge depois da política é bem pior. O povo argentino sabe disso, com a ditadura, o povo brasileiro sabe disso, com a ditadura.”
A pandemia no Brasil foi um desastre
Ele ressaltou que a pandemia do coronavírus causou problemas em todos os países do mundo, mas no Brasil foi mais grave, porque o presidente Bolsonaro não acreditava na pandemia, não acreditava na vacina e não acreditava no isolamento das pessoas. “Nós tivemos um desastre”.
O ex-presidente destacou que Bolsonaro não tem noção do que é democracia ou multilateralismo nem da necessidade de um país como o Brasil estar aberto a todos os seus vizinhos, a todos os países do mundo. “Ele prefere se isolar. Isso é uma vergonha para nós brasileiros”.
Biden e um Estado norte-americano forte
Questionado sobre o início do Governo Biden nos Estados Unidos, Lula afirmou que presidente americano teve um bom começo de governo, assumindo a responsabilidade de fazer com que o Estado americano fizesse os investimentos necessários. “Não existe saída econômica se o Estado não tiver, efetivamente, força para ser o indutor da economia”.
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