É preciso debater que tipo de emprego o país vai oferecer ao jovem, diz Lula

Compartilhar:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na manhã de hoje (14), em entrevista para rádio de Uberlândia (MG), que é preciso debater com a sociedade que tipo de emprego o país pode oferecer para a juventude brasileira nesse contexto de mundo digital e indústria de dados. “Esse é um desafio extraordinário, é um desafio que eu quero enfrentar”, disse o ex-presidente, pontuando ser preciso unir governo, trabalhadores, universidades e pesquisadores nessa discussão.

Lula defendeu investimento público em infraestrutura, como forma de estimular a economia, valorização do empreendedorismo, com apoio aos pequenos negócios, com o BNDES atuando como um banco de desenvolvimento de verdade, emprestando recursos para pequenas e médias empresas, e incentivo à construção de cooperativas para gerar emprego em pequenas vilas e comunidades.

“Vamos fazer com que o BNDES volte a ser um banco de desenvolvimento de verdade. E ao invés de emprestar dinheiro para empresa grande, vamos ter que emprestar dinheiro para pequenas e médias empresas, vamos ter que criar uma forma de investimento ao pequeno empreendedorismo desse país, vamos incentivar a construção de muitas cooperativas nesse país para gerar emprego em pequenas comunidades e nas vilas”, defendendo também que o país continue exportando muito com o agronegócio, mas recupere também o parque industrial, pois o PIB industrial já 30% e   hoje é 11%.  “Significa que as empresas brasileiras desaparecem. “Temos que saber que tipo de empresa vamos fortalecer”.

O ex-presidente tem demonstrado preocupação com a qualidade do emprego e cita como um dos problemas o fato de trabalhadores de aplicativos viverem sem direitos e sem seguridade social. Como possibilidade de solução, Lula citou o exemplo de Araraquara, onde a prefeitura está organizando os trabalhadores de aplicativo em cooperativas para que tenham parcela maior do lucro que geram com suas atividades e não repassem metade para os administradores dos aplicativos. 

“Eu uso um exemplo importante que é a cidade de Araraquara, em São Paulo, em que o prefeito está pegando esses trabalhadores de aplicativo, organizando eles em cooperativas, e ao invés de a empresa ficar com 50% do que a pessoa ganha, a pessoa fica com 90% do que ganha e apenas 10% vai para o gerenciamento da cooperativa. É uma nova forma de gerar emprego e de valorizar a criatividade do povo brasileiro”, afirmou.

Emprego de qualidade

Lula afirmou que, para o voltar a ser um país importante no mundo do ponto de vista econômico, o Brasil precisa crescer e ter empregos de qualidade. De acordo com ele, para isso, é preciso investir em educação, ciência e tecnologia e formar a juventude.

“Se nós quisermos que o Brasil se transforme num país importante no mundo, do ponto de vista econômico, que o Brasil possa ser um país levado a sério no mundo, nós precisamos crescer e, para crescer, nós precisamos gerar emprego de qualidade. Para ter emprego de qualidade, você tem que investir na educação. Se não conseguir investir em educação, ciência e tecnologia, investir para formar nossa juventude, o Brasil não vai crescer. É a educação a base para o desenvolvimento do Brasil”, disse, em entrevista ao vivo à Rádio Vitoriosa, de Uberlândia (MG).

Revisão dos direitos

O ex-presidente falou também em revisão das reformas trabalhista e da Previdência para adequá-las à conjuntura atual do mercado de trabalho e para garantir que os trabalhadores não voltem a ser escravos. Lula citou como exemplo os trabalhadores de aplicativo, que atuam sem nenhuma seguridade social.

“Nós vamos ter que fazer uma revisão na reforma trabalhista, na reforma da Previdência, na perspectiva de adequar aos tempos atuais, sem que os trabalhadores voltem a ser escravos. Os trabalhadores que trabalham com aplicativos hoje são vendidos para a sociedade como empreendedores, mas eles não têm nenhum direito. Se o carro quebra, se a motocicleta vira, se a bicicleta quebra. Ou seja, o cara não tem nenhuma seguridade social, nem para ele nem para a família.  Então, é preciso que a gente garanta a esses trabalhadores um direito mínimo”.