A campanha eleitoral começa amanhã (16). Quem achou que as plataformas digitais continuariam permitindo a disseminação de fake news lamentavelmente estava certo. Uma reportagem publicada no jornal O Globo (15) mostra que o Facebook não age para barrar mentiras sobre as eleições. A rede social mais usada pelos brasileiros para se informar sobre política é, infelizmente, um campo fértil para as mentiras. Facebook, respeite o Brasil!
A matéria mostra que a organização internacional chamada Global Witness fez um teste simples. Cadastrou no Facebook 10 anúncios com desinformações sobre as eleições para servirem de “isca” e testar se o Facebook iria moderar os conteúdos (ou seja, notar que traziam fake news e barrar sua divulgação). Mas a plataforma não fez nada. Nove dos 10 anúncios foram aprovados sem problemas. Apenas um foi inicialmente rejeitado mas, em seguida, liberado. Um relatório com o resultado da investigação foi divulgado hoje.
Todas as postagens usadas no teste violavam as políticas da própria rede social. Na teoria, portanto, não poderiam ser patrocinadas. Os conteúdos infringiam todas as regras do próprio Facebook (e também do Instagram, já que as duas pertencem à mesma empresa, a Meta). Entre as mentiras que o Facebook não barrou estavam conteúdos com informações incorretas sobre a data da eleição, conteúdos mentindo sobre a obrigatoriedade do voto e ataques às urnas eletrônicas.
Anúncios testes, com mentiras, passaram fácil na peneira do Facebook
As mentiras “isca” passaram sem problemas na peneira do Facebook e isso confirma, de novo, que a plataforma apenas finge que combate fake news. O fato de anúncios com fake news terem sido aprovados é grave em si. Mas o teste da Global Witness mostra que a peneira é ainda mais furada.
A Meta diz exigir número do CPF para a confirmação de identidade para anúncios políticos. A conta usada para as postagens “isca” desse teste não foi verificada, ou seja, não havia indicação de quem pagou pelo anúncio. Além disso, as publicações foram feitas fora do Brasil sem usar um meio de pagamento brasileiro. Só piora.
Ao jornal O Globo, a Global Witness informou que fez o teste usando mentiras em forma de anúncios porque assim é possível removê-los antes de serem publicados. Ou seja, esses 10 anúncios “isca” não foram ao ar, pois só foram feitos para testar o Facebook. Porém, é natural entender que dezenas, centenas ou milhares de outros estão sendo aprovados e indo ao ar agora mesmo. Este é o cenário assustador em que nos encontramos.
A recomendação da organização é a mesma que já fizemos e, convenhamos, que qualquer um realmente interessado em conter fake news faria: que a Meta aumente urgentemente seus recursos de moderação de conteúdo e fortaleça imediatamente seu processo de verificação de contas de anúncios. Para ontem.
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